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quarta-feira, agosto 12, 2020

Princípio da realidade

Trabalho com adolescentes há pouco mais de um ano, e tem sido um curso intensivo para mim. É daqueles trabalhos em que mais que ensinar, você aprende. E para mim têm sido muitos os aprendizados sobre o ser humano, em todos os seus meandros e dobras.

Ao entrar em contato com pessoas que estão vivendo a travessia da infância para a vida adulta, entrei em contato com muitas questões da alma humana, dessas que às vezes recalcamos quando não as vivenciamos adequadamente. Hoje, do alto da montanha que construí com minhas experiências de vida, vejo quão importante é trabalhar com esses jovens certas habilidades socioemocionais fundamentais para enfrentar o ambiente acadêmico, para conviver em grupo, para aprender de maneira satisfatória. E, por que não?, para a Vida. Mas não é fácil.

Em janeiro deste ano, li um texto que mudou meu olhar para o meu trabalho. Trata-se de uma publicação sobre habilidades socioemocionais, livro escrito por Anita Lilian Zuppo Abed e que está disponível gratuitamente no site do MEC, basta clicar aqui

A autora de O Desenvolvimento das habilidades socioemocionais para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica me ofereceu uma leitura agradável, didática e esclarecedora sobre as habilidades socioemocionais e me fez revisitar os principais teóricos do desenvolvimento humano. Tal leitura me propiciou um ótimo resgate de teorias, conceitos e olhares sobre a criança e o adolescente e sobre o aprender e seus significados. 

Noto que as habilidades socioemocionais são subestimadas no ambiente escolar, ou pelo menos não recebem o lugar de destaque que mereceriam ter. A escola, de um modo geral, não destina seu tempo ou seu currículo a desenvolver tais competências nos estudantes. Talvez seja um problema que encontra raízes mais profundas na cultura: talvez  o processo educacional esteja mais "racionalizado", em detrimento do trabalho com as emoções, que pertenceria a um âmbito imbricadamente pessoal e, talvez, íntimo, nesse perigoso e infeliz divórcio entre razão e emoção de que nos fala Eduardo Galeano. Mas enganam-se a escola e a cultura. 

É preciso fomentar o exercício dessas habilidades, e a busaca da consciência de si mesmo me parece uma caminho muito acertado. O trabalho acerca de questões como "quem sou", "que lugar ocupo no mundo", "aonde quero ir", "qual é meu projeto de existência", "como lido com meus medos e minhas dificuldades", "como lido com meu sucesso e minhas conquistas", e, para citar mais uma entre múltiplas outras possibilidades "como convivo com meus colegas e professores", nos ajudam a traçar um mapa dos nossos aprendizes e de como andam as suas habilidades socioemocionais. 

É bem certo que o nosso fazer como docentes muitas vezes se vê tragado pelo currículo que nos impõe conteudismo e um cronograma muito apertado a serem cumpridos, mas pequenos momentos do cotidiano são suficientes para fomentar o desenvolvimento dessas habilidades socioemocionais. Pequenos vídeos e textos são milagrosos como catalisadores de emoções e para refletir sobre as questões que se queira trabalhar e discutir com os alunos.

O professor pode ter um pequeno cronograma especial com aquilo que quer propiciar aos alunos e basta destinar um pequeno tempo para essas práticas. Nem precisa ser em todas as aulas. Pode ser na primeira ou na última aula da semana. É possível ler um pequeno texto, ver um curta-metragem, e a mágica vai se realizando. O olhar dos alunos, sua sensibilidade vão ser atingidos por esse exercício sutil sobre os sentidos. Valores também vão sendo cultivados, tais como empatia, solidariedade, respeito, etc. Quando conseguimos atingir o ser sensível de nossos alunos, quando exploramos o "olhar para o outro", conseguimos também o "olhar para dentro de si mesmo", tão necessário para desenvolver as habilidades que buscamos acerca de como lidar com aquilo que sentem.

A boa e velha conversa sempre é um método de abordagem que também dá ótimos resultados. Conversar é algo tão antigo, mas tão humano! E certas coisas - como os sentimentos, como conviver -são atemporais e não passam de moda nunca!

(P.S.: Este texto começou a ser escrito em 2018, ficou arquivado e só foi finalizado em 2020)

quinta-feira, maio 26, 2011

Sobre maternidade

Estou escrevendo um blog sobre maternidade, o link é o http://domeuproseuumbigo.blogspot.com/

Boa viagem para todos nós!!

:)

segunda-feira, julho 13, 2009

Aprender é ótimo!

Comecei meu curso de modelagem de Moda, iurru!!! Nem preciso dizer o quanto estou feliz. No meu aniversário, a minha querida amiga Rosa havia me dado de presente um livro maravilhoso da editora do SENAC: Desenho técnico de roupa feminina, de Adriana Sampaio Leite e Marta Delgado Velloso. O curso somado ao conteúdo precioso desse livro têm feito muuuito por minha formação como designer de Moda. Não poderia me sentir mais feliz, não mesmo.

Minha biblioteca sobre Moda tem crescido. Os amigos me presenteiam, compro algum título novo sempre que posso, e, assim, vêm chegando até mim títulos como Textiles mexicanos, Fashion Design drawing course, O luxo eterno, Sacs et cabas, Víctimas de la Moda, Fashion Illustration now, entre outros. Nem preciso dizer como os livros me enchem de alegria. E isso é desde sempre. Eu sempre gostei mais de ganhar livros que qualquer outra coisa. Já são 24 os meus livrinhos de Moda, e sinto por eles um amor grandioso!!!

Mas hoje quero mesmo é falar do meu curso de modelagem de Moda. Em breve vou criar peças com minha própria modelagem, com a roupa que gosto de desenhar e que quero continuar customizando. Estou descobrindo a magia do traço, da curva, um esquadro daqui, fita métrica dali, risca, dobra, corta, alfineta, cola, e surgem os moldes, alma do que depois se estampará como roupa, que cobrirá peles e desejos.

Estou muito motivada e acredito mais do que nunca nos meus sonhos. E sei que eles podem me levar aonde quero chegar. E eu quero muito que isso aconteça.

segunda-feira, abril 07, 2008

Arco-íris na sala

A minha estante antes...

Para ser sincera, eu não dava muita atenção a lombadas de livros: o que eu queria era que estivessem em bom estado, acho feio lombada destruída, faltando um pedaço. Mas sempre gostei muito das capas, sobretudo as que têm uma preocupação estética maior, essas que fazem com que a gente deseje ler o livro, tê-lo. Na Bienal de Design em 2004, lá em São Paulo, descobri que as capas dos livros de Hilda Hilst pela editora Globo haviam ganhado prêmios de Design! Elas são mesmo lindas!...

O fato é que meu olhar é outro já há alguns anos. Cada dia sou mais da Estética, e o visual tem ganhado mais espaço em mim. Prova disso é que transformei minha estante de livros. Inspirada na arrumação dos livros da minha amiga gaúcha Danielle Sinhorelli, criei uma seqüência arco-íris para os meus livrinhos. Desfiz a lógica "área de conhecimento" e organizei-os por cores, na seqüência das cores do arco-íris. Assim, eu o trouxe para minha sala, enquanto não tenho uma casa com quintal para vê-lo em dias de chuva com sol.

A seguir vocês conferem as fotos do meu pedacinho particular de céu e observem como a minha estante se tornou absolutamente comestível, dá até água na boca olhar para ela agora... Bisou!

















domingo, março 09, 2008

Navegantes

Navegar pela blogosfera é deparar-me com uma mise-en-abîme assombrosa. Acho que o conceito de mise-en-abîme que usamos na análise literária tem uma proximidade curiosa com os rizomas de que falam Deleuze e Guatarri. É como mergulhar num buraco negro e, ao mesmo tempo, entrar pelos ramos de um teia infinita. Até porque o universo o é. Uma coisa está dentro da outra, há uma infinidade de conexões, atrás de uma porta sempre há outra porta, e é preciso estabelecer um limite temporal para essas incursões pois o espaço é uma convenção ultrapassada, mas nem por isso menos necessária para entendê-lo. Isso é a blogosfera. Isso é o mundo flickr.

sábado, março 01, 2008

Hoje é o dia de voltar para BH. Nisso, não reside nenhuma poesia, nenhuma. Até porque eu via muita poesia nas coisas quando eu ainda poderia me definir como mulher dezenoviana; agora eu sou modernista: ácida e irônica. Eu diria que agora incorporei o espírito que queria dar à Torre de Capim Lilás. Ave, Modernisme!


terça-feira, fevereiro 12, 2008

Há dias em que desperto sem paciência alguma, como hoje: tenho sinusite, rinite, amigdalite, dor de garganta e nenhuma benevolência para nada. Nada.

domingo, fevereiro 10, 2008

Um pouco de teatro belorizontino


Está em cartaz, em sua terceira temporada, a minha primeira peça: Por esta porta estar fechada, as outras tiveram que se abrir. O texto foi escrito por mim, Éder Rodrigues, Fabiane Aguiar e Junia Pereira. Fica em cartaz de 14 de fevereiro a 02 de março, de quinta a domingo, no Odeon Espaço Cultural, na rua Tenente Brito Melo, 254, no Barro Preto, em Belo Horizonte.

O Grupo Mayombe nasceu na Faculdade de Letras da UFMG, no curso de Letras Hispânicas, onde realizei meus estudos acadêmicos. Em seus mais de dez anos de estrada, o grupo tem criado belas montagens de autores consagrados e também de jovens autores, sempre com uma proposta muito particular, herança de visões teatrais variadas, a partir de um olhar latino-americano e multi-cultural. A novidade do texto de Por estar porta... fica por conta da experimentação da escrita a partir da criação entre todos os atores, produtora e diretora do grupo, que criaram pastas com as idéias para os seus personagens, as quais foram compartilhadas com a equipe de dramaturgia para o preocesso da escrita.

Outros grupos em BH - e também em outras cidades do mundo - realizam processos de escrita similares a esse, a exemplo do trabalho realizado na peça Quando o peixe salta, criado pelo Oficinão Galpão. É uma experiência rica e que reflete o desejo de todas as pessoas envolvidas, o que me parece um exercício democrático e plural. Espero que esta tenha sido a primeira de muitas experiências na dramaturgia!

Apareçam por lá para conferir o trabalho desse grupo maravilhoso, tenho certeza que vocês irão gostar!

Um beijinho!

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Surpresa!!!

Que demais!!! Um jornal do sul da Bahia fez uma matéria sobre o Bia Bê. Por essa eu não esperava... Fiquei muuuuito feliz, afinal é um olhar importante sobre o meu trabalho. Gostaria de compartilhar com todos que têm acompanhado meus passos esse fato bacana. E para conferir o texto, é có clicar aqui. Estou radiante! Beijinhos!

Imagens

Minhas tentativas de um dia ser fotógrafa

O bom fotógrafo fotografa todo dia. Para chegar à foto precisa, à foto-arte, é preciso exercitar o olhar. Naturalmente é também imprescindível a sensibilidade, ou como quer que se nomeie a habilidade para captar o momento preciso, a luz adequada, o gesto milagrosamente surpreendido, a leveza e a intensidade que convivem harmoniosamente em uma boa fotografia. A pergunta que (me) faço é: qualquer um pode se tornar um fotógrafo talentoso e considerado bom? Queria compartilhar uma página que traz fotografias belíssimas. São pura poesia as fotos dessa menina. E também adoro os broches igualmente poéticos que ela faz.

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O bom escritor também escreve todo santo dia. É preciso escrever sobre as coisas mais insuspeitadas, mais triviais, mais complexas e as mais frívolas. É preciso exercitar a escrita, a linguagem. É preciso encontrar o tom dessa linguagem, o estilo, a voz que se molda em torno de cada escritor. O bom escritor tem que ser um escritor incansável e atento, para não perder a metamorfose que se realiza no cotidiano da escrita: um dia o texto se torna bom de verdade.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Momento publicitário




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sábado, dezembro 29, 2007

Os meus lugares de existir

Um dos meus lugares de existir mais legais...

Mais um ano chega ao fim. Parece pouco para tudo que vivemos ter vivido os 363 dias já vividos até agora. Dois mil e sete. Dois mil e sete foi um ano muitíssimo importante para mim. E desde logo vi que o foi também para todas as pessoas que me cercavam. Eu o defini como o "ano em que se desenrolaram os novelos", e foram novelos de muitas cores e texturas: amores, viagens, enfermidades, perdas, filhos, casamentos, vida profissional, aprendizados tantos, saúde reconquistada, mais viagens.

2007 foi um ano em que entrei em contato com minha essência. Foi o ano em que me atrevi e disse não à Educação quando ela me disse não. Eu reformulei minha vida profissional depois de tanto tê-lo desejado sem coragem para decidir-me por isso. Eu estou assumindo a Moda na minha vida! Eu estou vendo que é possível ousar ser, ousar existir! Vejo que o mais importante é estar fazendo o que eu gosto.

Este ano eu aprendi muitas coisas. Foi preciso viajar para o México e ficar quietinha por dentro lá durante três meses para entrar em contato com minha essência. Lá, naquele país adorável, eu escutei meu coração, eu fiz todo o silêncio que me era possível e senti que poderia recomeçar profissionalmente, e o melhor: fazendo o que eu gosto!

Eu gosto da Arte. Eu gosto das narrativas de toda natureza. A Moda, para mim, é um lugar de contar histórias, é um lugar para estampar narrativas, e linguagens, e vozes. A Moda vai ser um dos meus lugares de existir em 2008. Eu aprendi que é preciso criar os nossos lugares de existir no mundo, lugares que sejam nossos, lugares onde se preservem e se apresentem as nossas essências individuais.

2007 foi o ano em que o amor ganhou força em mim, e me apaixonei mais e mais pelo meu estrangeiro. E esse amor me fez ter coragem de romper com o obsoleto mas seguro lugar da acomodação. Amar esse homem incrível me fez recobrar as forças da mulher cosmopolita, mas amar mais a aldeã que há em mim. Este ano eu aprendi a amar com outra intensidade e ganhei olhos para ver de outro jeito, graças a esse amor.

No final das contas, a vida é mesmo cíclica. Plantamos num dia, colhemos em outro. O tempo ainda é o tempo da natureza, por mais que a gente crie máquinas, que a gente quiera civilizar todas as pedras. Começo nova plantação, e acho que 2008 será o ano para regar, cuidar das pragas, proteger as plantações. Mais adiante eu hei de colher. Eu hei de ser feliz, pois eu estou construindo isso há tempos.

FELIZ ANO NOVO!!! Os melhores desejos para todos que passem por aqui!

Um abraço,

Biazinha.

terça-feira, dezembro 04, 2007

A minha Bia Bê

Acho que já achei uma costureira para costurar as peças de minha criação, tipo sainhas e blusinhas bem delicadas. Essa será a nova fase da minha página em 2008. Já antecipo a novidade pois não era mesmo surpresa. Quem me conhece sabe que flerto com a Moda há muitos anos, e só agora, graças a várias contingências, pude abraçar meu desejo de fazer o que gosto. As possibilidades de reunir no meu ofício as coisas de que gosto são uma delícia! E tenho tido muitas idéias, quero criar coisas com a minha cara, com minha alma.

A página que abriga meu espaço laboral anda meio parada há uns dias. Não tenho colocado fotos, apesar de estar criando coisas novas. Ainda não tinha aparecido por aqui para dar notícias. Há pouco mais de dez dias ela está no ar, e tenho recebido mensagens bem carinhosas de apoio e incentivo. Queria agradecer aos amigos e apoiadores. Queria dizer gracias, merci, thanks, muito agradecida! Espero poder contar com o sempre-apoio de todos vocês, e mais: que as vendas sejam um sucesso!!

Quem ainda não conhece, pode clicar aqui.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Diálogos cibernéticos

Ler o blog da Flavinha ajuda a poetizar meu dia. Sim, Flavinha, vc tinha que escrever mais vezes. Mas quem sou eu para querer mudar a sua temporalidade? A minha anda o caos absoluto. Eu podia comentar suas postagens lá, no amarelando, mas eu vim faze-lo aqui, porque sei que algum dia perdido desses vai que voce entra e saberá que eu o li e quis sentar num boteco para discutir essas idéias táo boas que saem da sua cacholeta. Faz muito calor nessa cidade. Eu náo consigo ter muitas idéias no calor. Se eu fosse morar em Salvador, sem dúvidas eu seria uma inerte intelectualmente, minhas idéias se atrofiam com o danado, elas náo conseguem se juntar...
Eu queria contar que no dia em que vi Tropa de Elite só consegui desligarquando já eram duas da manhá. E era mesmo preciso sentar e tomar uma cerveja para ver de outro jeito tudo aquilo. Ando por aí tentando difamar a violencia para ver se as coisas melhoram um tiquinho.
Os filmes que estavam no Usina na semana passada eram muito fraquinhos... Fui ver quatro, nenhum valeu a pena de verdade. Saí indignada da sessáo com a Michelle Pfeiffer, as mesmas baboseiras sobre genero e os mesmos preconceitos contra a mulher e envelhecer. Uma bosta, enfim. (Tenho usado muitas palavras da contra-cultura, ou do mundo nao-polido das Letras; quero que todas as palavras me pertencam, tenho licenca poética. - mas náo tenho til, nem cedilha, nem circunflexo nesse teclado alheio -.)
Eu entendo, Flavinha, voce chamar o Freud de machista. Eu fiz isso na minha dissertacáo, mas ninguém me deu bola. Hoje acho que meio que fiz as pazes com o bigodudo, eu acho que ele até falou coisas que posso aproveitar. Mas que ele era misógino, ah, isso ele era. Ou como se explicaria o fato de nos fazer conscientes da histeria humana através das pobres pacientes que íam a seu consultório? E a histeria, bom... melhor mudar de tema.
Novembro chega com seu calor tropical. Tenho desejado um mar ali na esquina, dessas vezes em que se caminha um pouco e se tem o azul derramando-se diante dos olhos... Ando com nostalgias de Iemanjá, de coqueiros, de barcos ancorados na praia. Talvez eu quisesse ser peixe.
Agradecida, Flavinha, por esse dedim de prosa. Vamos marcar qualquer bebida fresca, estou aguardando.

sexta-feira, outubro 26, 2007

O Grande Irmáo


George Orwell teria gostado de vir tomar café na minha casa. Ele chegaria, seria-lhe pedida a sua identificaçáo e ele caminharia pelos longos corredores até chegar à minha porta. Vivo num país de cinco mil habitantes. Trata-se de um edifício que tem a ilusáo de ser um país. Ele conta com território controlado por satélites de várias espécies, imprensa própria (e a serviço do governo local...), aduana, serviço de imigraçáo, expediçáo de vistos de turista e residente, entre outras coisas. O que acontece é que entrei nesse país sem saber que ele o era. Eu buscava um edifício. Topei com esse, modernista, lindo. Meu apartamento é um dos lugares de que mais gosto nesse planeta: é acolhedor, aconchegante, tem minha alma e minha energia. Mas basta eu ter que recorrer aos burrocratas para algum serviço de aduanas ou vistos para os amigos turistas que fico à flor da pele de indignaçáo.

Estou colocando meu apartamento à venda a partir de hoje. Cansei. Cansei, cansei, cansei. Eu tenho um limite. Náo está muito claro na teoria, mas quando ele chega eu sei identificá-lo muito bem. Eu sei reconhecer quando náo tenho bofes para suportar algumas coisas que já náo sáo toleráveis. Minha tolerância tem limites.

Há questóes genéricas muito complicadas por aqui. Náo posso tolerar preconceitos de gênero de nenhuma natureza. Náo sou amiga da síndica para ter concessóes. Pago minhas taxas de condomínio, respeito a lei do silêncio, dou bom dia, boa tarde e boa noite a quem encontro nos elevadores e corredores, sou moradora pacífica e do bem. O que náo suporto é a relaçáo de poder que se cria entre administraçáo e moradores. Em qualquer edifício, a administraçáo existe para administrar. Aqui, a administraçáo chateia os moradores, aborrece quem só os busca porque assim rege o regimento do lugar. Do contrário, nunca pisaria os pés por lá...

Há algum tempo, sinto que isso aqui náo é meu lar. Que até olhar essas pessoas me chateia. E preciso sentir que estou no meu lar. Náo há outra razáo para ter um apartamento, uma casa.

Meu namorado até ironizou que esse é o único edifício do mundo que pede visto a estrangeiros... haha.. Mas é a mais pura verdade.

Já sabem, eu o ponho à venda. E que pena que Orwell já náo esteja mais nesse planeta! Ah! Aproveito para lançar o Movimento em prol de uma casa com quintal!


quinta-feira, agosto 30, 2007

De saída por aí

Estou quase de saída a Santiago de Querétaro, onde nos espera um evento de escritores. A possibilidade de conhecer escritores mexicanos me deixa muitíssimo feliz, pois a sensacáo que tenho é que assumo mais e mais a escritora que há dentro de mim. (Só preciso deixá-la sair livre e solta). Estou escrevendo um conto bem legal, mas náo penso publicá-lo aqui, quero mandá-lo a concursos literários.
Nos próximos dias nos espera também um passeio a San Miguel Allende, uma cidade muito bonita.
Na semana passada, nos dias 23 e 24 de agosto, participei de um workshop sobre traducáo com uma tradutora fantástica, uma colombiana que vive na Espanha. Foi um evento realizado pela AECI e pelo Centro de Cultura Española. Eles realizam vários workshops bem bacanas, a precos módicos e de alto nível de qualidade.
Estou tentando realizar coisas legais enquanto náo podemos viajar. Apolo tem resolvido algumas questóes acadêmicas nos últimos dias, e espero ansiosa por nossa ida a Chiapas e Yucatán. O passeio por San Miguel e o congresso de escritores seráo um acalento para minha alma sedenta do novo.
Vou terminar de arrumar a mochila. Saudacóes a todas e todas, grande beijo,
Biazinha.

quinta-feira, julho 05, 2007

Mais um momento com Galeano

Foto retirada da internet


El miedo

Una mañana, nos regalaron un conejo de Indias. Llegó a casa enjaulado. Al mediodía, le abrí la puerta de la jaula.

Volví a casa al anochecer y lo encontré tal como lo había dejado: jaula adentro, pegado a los barrotes, temblando del susto de la libertad.


GALEANO, Eduardo. El libro de los abrazos. Madrid: Siglo XXI, 2005.

*******

Essa historinha tem a ver com recomeçar. A liberdade pode assustar mais do que estar atado a cadeias indesejáveis. E, no final das contas, o ser humano tende a se resignar diante do fato de estar atado, amordaçado, vendo cerceadas sua criatividade e sua liberdade. Mas uma hora o porquinho da Índia se atreverá a deixar a gaiola. Aí, vocês váo ver...

quinta-feira, junho 21, 2007

Dédalo ensina Ícaro a voar.

Náo tenho muita idéia sobre o quê quero escrever, mas sei que tem a ver com o que eu sonho para mim. E eu náo tenho sonhado a Educaçáo. Aliás, fujo muito disso ultimamente. Para ser feliz, para seguir meus sonhos é mister sair desse lugar cristalizado. Conheço algumas pessoas realmente felizes na Educaçáo, mas náo sáo muitas. Levo oito anos sendo professora de Espanhol(parece que sáo trinta), preciso retomar meu trabalho como professora de Literatura e me dedicar mais às coisas que de fato me movem. Sinto-me mais professora de Literatura que de Língua Estrangeira, isso sempre foi sabido. É difícil fazer escolhas, é mais fácil seguir o curso do rio e ir navegando devagarzinho, ora em meio a redemoinhos, ora em águas tranqüilas. E, no meu caso, ser da Literatura sempre foi uma escolha. Fico me perguntando quais seriam as soluçóes... quais os outros caminhos a percorrer.

[Acabei transformando meu blog numa busca existencial. Náo, náo quero que ninguém se manifeste,
plis! É puro extravasamento, náo pede retorno. Quero falar com a tentativa (vá - leia-se "van"; continuo sem til no teclado e náo sei o atalho...) de esgotar os meus sentimentos. Ou de que, ao falar deles, construam-se significados mais densos sobre o que dizem.]


Preciso viver plenamente o novo e náo ter medo: porque o novo sempre traz o medo-do-novo, que lhe é intrínseco. Preciso ensinar a menininha curiosa que me habita a voar. E suas asas náo seráo de cera.

Au revoir, les jeunes. Eu vou voar.


terça-feira, junho 19, 2007

Baús e viajantes

créditos da foto: www.cronopios.com.br

O caixeiro-viajante deve ser algo muito obsoleto, por isso náo há registros no Google Imagens. Obsoleto, mas é isso que tenho a vontade secreta de ser. Tenho uma antiga história com isso. Acho que dá pra ir desfiando esse rosário por aqui...

Bom, acredito mesmo que já fui
mercader em uma Espanha distante, ou noutro canto desse mundáo de Deus. Isso nos leva a outra questáo: mas você acredita, entáo, em outras vidas??! Óbvio que sim, se fosse apenas esta seria muito sem graça... O mundo é táo grande, deve ser ótimo renascer em outras paragens... Pois voltemos ao meu baú de coisas.

Nada é capaz de me emocionar mais que uma imagem evocada de uma feira medieval. Já desejei ter sido artesá aí, vendedora, talvez, de fitas de cetim ou corantes para tecidos. O mundo dos comércios medievais seduz os meus sentidos por completo.

Semprei achei a figura do caixeiro-viajante como que saída da vida mercantil medieval ou um pouco posterior a ela. Gostaria de encontrar estudos sobre esse tipo de comércio, e de como nasceu, lá do outro lado do Atlântico. Em algumas cenas de
Marie Antoinette, havia esse comerciante, ele aparecia para vender vestidos, sapatos e adornos à rainha e as suas acompanhantes. Abriam-se caixas, baús, cestos e começavam a sair cores, texturas, cheiros, volumes... É mágica, essa imagem.

O caixeiro-viajante traz a magia do viajante e dos baús, amalgamados em um só ser, que é o mensageiro das novidades, que traz o belo, a estética, o novo, o sonho, a leveza e a poesia em seus baús cheios de coisas mágicas.

Mas onde andam os caixeiros-viajantes no século XXI? Estaráo em extinçáo?? Sou da opiniáo de que eles se camuflaram na figura das "sacoleiras"... Mas perderam o traço que também lhes emprestava fascínio e magia: o de ser o
viajante. A sacoleira transita entre apenas dois pontos do mapa, náo sai de cidade em cidade, aventurando-se pelos caminhos... Acaso seria porque modernizou-se o caminhar e hoje já náo tem graça o ir e vir? Ou seria porque os comércios estáo de tal modos sofisticados que se compra hoje em dia com somente um clique de mouse? Náo sei, náo sei.

O que eu gostaria realmente era de lançar um manifesto em prol dos caixeiros-viajantes, que eles voltem à vida. Imagino-me com um carro com um bagageiro enorme cheio de baús, indo por muitas partes, vendendo objetos preciosos a pessoas que sonhassem com eles e com minha chegada.

Um dos personagens que me sáo mais caros da teledramaturgia brasileira é o Seu Quequé. Lembram-se dele? Caixiero-viajante, era adorável ver sua chegada nas cidadezinhas, como as pessoas insandeciam com suas malas...

O meu sonho era ter um brechó. Um mixto de brechó e sebo, onde eu pudesse realizar alguns sonhos das pessoas. Aí eu seria caixeira-viajante do século vinte e um, abrindo baús, malinhas antigas e trazendo histórias de outras épocas e lugares para o agora.


domingo, junho 17, 2007

Cri-atividade...

Voltei a desenhar. E a fazer acessórios. Estou me sentindo muito criativa e livre. Voltei assim do Rio. Traduzindo: o Rio me fez muito bem! Estou customizando uma bolsa que fiz para levar para a Espanha em 2005. Agora ela será minha bolsa do México. Pelo que já pensei, ficará linda (depois postarei aqui a foto dela acabada). Pensei mesmo em fazer umas bolsas para vender. Voltar a investir minha criatividade em acessórios. As fotos abaixo sáo de um dos colares da minha coleçáo inspirada nos séculos XVIII e XIX, coleçáo que chamei de Decimonónica.










Esses colares sáo todos pensados com elementos desses séculos, esse era o tipo de adorno que as mulheres usavam no pescoço. O acabamento, com o botáo de madrepérola, também é fruto da minha observaçáo da Moda nesse período. Os botóes de madrepérola eram trazidos da Europa ao Brasil, e eram muito valorizados nas roupas. Entra também um dose de lúdico e de feminilidade na elaboraçáo de cada colarzinho, pulseira ou broche.

Minha ida ao México se aproxima, estou muito feliz com a idéia de conhecer esse país táo lindo! Estou na etapa de organizar alguns detalhezinhos, náo vou deixar nada para a última hora, prefiro ir fazendo cada coisa de uma vez. Detesto viagens afobadas, com tudo ficando para trás. Ainda mais essa de agora, que tem tantos significados especiais para mim... ;)

Bom, agora sáo 3 da tarde, é hora de ir almoçar. Volto à casa depois para começar a fazer as intervençóes na bolsa. Um feliz dia para todos e todas!

Au revoir, eu vou voar!!