Mostrando postagens com marcador A vida na pólis. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador A vida na pólis. Mostrar todas as postagens

terça-feira, maio 13, 2025

Um adeus a Mujica


Rolo meu feed do Instagram: de cada dez fotos, oito trazem o Pepe Mujica. Decidi vir escrever pra me despedir do adorável senhor Mujica. Me deixou triste a sua partida. Escolhi uma foto dele com sua companheira de vida e de lutas políticas, a Lucía Topolansky. Lindos, idosos e lúcidos. Para eles, a vida e a política realmente eram uma coisa só, eles eram iniciados nas verdades filosóficas e sabiam que a política serve para o bem comum e para defender a vida com dignidade. Dignidade para todos, como um projeto coletivo. Fiquei lendo frases do Mujica, vendo vídeos do Mujica e penso que homens como ele não nascem todos os dias; mas felizmente vários como ele respiram sobre o planeta Terra neste exato momento. A beleza de um socialista de verdade é que ele é capaz de compartilhar o único prato de sopa que tiver em casa. Esse era o Pepe. Viveu segundo seus princípios de simplicidade e austeridade, mostrando a todos nós que a vida era muito mais que acumular riquezas e vaidades. Talvez ele foi um dos seres humanos mais decentes que já existiu por essas bandas e alhures.
Amo a política, e Pepe Mujica foi um dos homens que me fez ter esperanças de que é possível seguir acreditando na luta por um mundo melhor, que outro mundo é possível. Quando vemos tanta gente olhando apenas para o próprio umbigo, presa ao hedonismo instintivo e niilista do proveito que se pode tirar das relações políticas, é bom poder voltar os olhos para a história de Mujica e refrescar um pouco nossa alma. Sim, o cinismo dos fascistas nos embota a alma, e é preciso um pouco do frescor e da limpidez de quem sabe que o outro merece viver a justiça e a prosperidade tanto quanto nós.
Hoje partiu o homem, mas permanece entre nós o exemplo de inteligência, sensibilidade, empatia e nobreza de caráter de um grande líder e um adorável pensador! Ficamos um pouco tristes, mas extremamente agradecidos por tudo o que o senhor construiu entre nós. A delicadeza de seu olhar nos brindou imagens de como a política pode ser humana e acolhedora, gentil e respeitosa.
Descanse em paz, Pepe Mujica! O senhor fez do mundo um lugar melhor para todos nós!

quarta-feira, março 19, 2014

Tributo a Cláudia

Fonte: Jornal Extra


Eu não consigo parar de pensar em Cláudia Ferreira da Silva, e que ela poderia ser eu, e que eu poderia ser ela. Por alguma razão, as pessoas nascem Cláudias ou Fabianas, têm chance de nascer numa família de classe média, ir a boas escolas, frequentar uma boa universidade, construir uma carreira profissional; e, talvez, -algum dia - ter uma vida de classe média. Ou, então, todo o contrário. Cláudia era faxineira. Cláudia tinha quatro filhos. Cláudia morava na favela. Um dia, ela foi baleada. Cláudia saiu de casa para comprar pão. O pão era para o café dos pequenos. Foi socorrida - ou foi emboscada?? - por um camburão da PM. No caminho, o porta-malas se abriu e seu corpo foi cruelmente arrastado pelo asfalto carioca, dilacerado, esfolado como um bicho. Cláudia morreu duas vezes. Pelas balas e pela falta absoluta de dignidade. Cláudia deixa inconsolável a Alexandre Fernandes da Silva e a seus rebentos. E não consigo parar de pensar que Cláudia poderia ser eu, não consigo deixar de pensar que Cláudia, meus caros, sou eu. 

terça-feira, março 15, 2011

Gentileza masculina

Eu já escrevi aqui sobre algo parecido em outra época; e me dá tristeza ver que volto porque o tema continua me incomodando e, agora, em maior intensidade. O que tem me deixado intrigada nos últimos tempos é uma questão simples: Aonde foi parar a gentileza masculina com as mulheres? E repito: meu feminismo não me impede de receber e gostar de gentilezas masculinas. Ao contrário: amo gentilezas masculinas, eu as acho adoráveis e imprescindíveis. E não poderia ter me casado, por exemplo, com um homem que não fosse gentil.

Fico indignada com como os homens mais jovens não aprenderam, ou não colocaram em prática nunca, ou se esqueceram, ou ignoram, ou desprezam, ou não acham digno de si ser gentis. Talvez não se trate apenas da falta de gentileza com as mulheres, mas, sim, com os outros homens também. E qual é a razão para tal falha imperdoável? A falta de civilidade que se vulgarizou em todos os lugares? A pressa para existir real e virtualmente? A banalização das relações interpessoais? O que são valores considerados bons e importantes hoje em dia?

Ultimamente, tem me chocado me deparar com cenas de descortesia e até hostilidade masculinas. E não necessariamente comigo, heim? Vejo cenas ao meu redor, e me chocam! E insisto: principalmente, dos homens mais jovens. Acho que os únicos gentlemen que encontrei nas últimas semanas tinham mais de 65 anos...

Homens, por favor, saiam em defesa própria, e ajudem-me a compreender este desagradável fenômeno social! A tribuna está disponível!

sexta-feira, outubro 29, 2010

Olhares sobre as eleições - parte XXIII

Mais um bom texto recebido por email:

É hora de tomar partido: um basta aos reacionários tucanos!

O significado de uma vitória tucana será catastrófico não só para o País, mas para o todo o território latino

25/10/2010

Roberta Traspadini

Estamos às vésperas do segundo turno. O momento atual é de intensa mobilização contra a campanha tucana em todo o País. É importante que assim seja. Caso contrário, corremos o risco de não aproveitar essa oportunidade histórica para ler, incidir, dialogar entre nós classe trabalhadora, sobre o que vemos, e porque vemos a disputa da forma que vemos.

O significado de uma vitória tucana será catastrófico não só para o País, mas para o todo o território latino.

Para nós, classe que vive do trabalho, o momento é de estarmos nas ruas, nas células organizadas, discutindo o que se quer para além do que se tem, e os riscos manifestos com as apostas que podem ser feitas no curto prazo.

Todo projeto tem por trás uma concepção de mundo que relata sua forma e seu conteúdo de poder. Vejamos as bases conceituais dos tucanos.

1. O projeto de nação do PSDB

O projeto de Nação do PSDB, cujos principais intelectuais orgânicos são Fernando Henrique Cardoso e José Serra, é o de modernização atrelada ao que de mais avançado há no capitalismo em sua fase imperialista.

Para estes ideólogos da concepção de desenvolvimento como interdependência entre capitais, uma nação moderna é aquela conectada aos avanços técnico científicos promovidos pelos capitais protagonistas, independentemente da nacionalidade destes capitais.

As teses deste grupo são forjadas na seguinte concepção: existência de uma burguesia nacional conservadora que atrofia o pacto federalista para o desenvolvimento capitalista. Logo, necessita ser estimulada, movimentada, ou destruída pela concorrência com os grandes capitais investidores internacionais, sejam produtivos ou financeiros.

Para este grupo, a única forma de avançar no capitalismo imperialista, é permitir, via tomada do poder do Estado, um tipo de ação governamental que viabilize aquisições, fusões, privatizações, desestatizações, quebra de regulações e políticas macroeconômicas que impeçam a livre movimentação do capital (inter)nacional.

Para estes sujeitos a era global se caracteriza como a de livre mobilidade do capital que deve ser vista como uma oportunidade histórica para as economias retardatárias no processo de desenvolvimento capitalista.

2. A execução do poder

Na prática do poder, esta tese evidencia a relevância para o capital internacional de um Estado parceiro, aberto às coligações produtivas e infra-estruturais no processo de inovação tecnológica puxado pelas grandes corporações.

Com o aval do partido e de seus representantes eleitos, este capital moderno ocupa o que é do Estado e governa a sociedade e os territórios, pela constituição federal soberanos, a partir da busca pela valorização de seu negócio para além das fronteiras nacionais.

Este capital moderno, cujas sedes das principais empresas estão nos Estados Unidos, tem projetado nos últimos 40 anos para América Latina um novo momento de apropriação dos recursos naturais, energéticos e das riquezas criativas da população, no que podemos caracterizar a renovada fase das veias abertas da América Latina.

A meta principal é a apropriação privada dos americanos e seus pares, de tudo o que pertence ao Estado Nacional latino-americano e mundial, como guardião, republicano, dos interesses das sociedades que ocupam.

Estamos falando de um novo estágio da guerra, em que a leitura da correlação de forças no continente nos exige com urgência frear qualquer proposta de apropriação imediata do roubo dos territórios e vidas por parte dos capitais imperialistas hegemônicos, com a chancela do Estado nacional brasileiro.

Uma vitória de Serra representa um avanço sem precedentes no continente latino-americano daquilo que o PSDB, via sua adesão consensual a Washington, não conseguiu realizar por completo nos 10 anos de mando direto dentro do Governo Federal (oito de Fernando Henrique como Presidente e dois anos dele como Ministro do Governo Itamar).

A prévia eleitoral de uma possível vitória de Serra evidencia o aberto processo de conflitos, de guerra, criminalização dos movimentos e sujeitos, logo, a ampliação de um processo de perseguição e de construção no imaginário coletivo da sociedade brasileira sobre os criminosos, os crimes e o tipo de criminalidade.

Estamos falando da opção política concreta que os EUA esperam para assumir a ofensiva sobre o continente a partir da conquista do Estado brasileiro no próximo governo, assim como fazem com Chile, Colômbia e México, citando os governos coligados mais avançados nos pactos capitalistas imperialistas atuais.

3. As tarefas deste momento histórico

O que está em jogo não é a medida socialista ou capitalista da disputa e sim a forma como se vê a ampliação da soberania brasileira e o conteúdo de sua relação com o continente a partir dos dois projetos que se colocam em disputa.

No plano capitalista selvagem, não é possível a permissão representativa de que os tucanos subam a serra do poder legitimados socialmente por mais 4, para executar um processo claro de barbárie social.

Caso isto ocorra, a degradação do pouco que se conseguiu reconstruir no após queda do muro de Berlim no País será avassaladora para dentro e para fora das fronteiras nacionais. Mesmo que na aparência ocorram políticas sociais que ocultem a real entrega das riquezas de nossos territórios à Nação hegemônica.

São tempos difíceis. Tempos de um posicionamento que pode parecer contraditório mas que evidencia, na correlação de força deste momento, os pesos sobre a classe trabalhadora de uma opção reacionária para os próximos 4 anos.

São tempos que nos obrigam a estar nas ruas dialogando com nossos pares, os trabalhadores, ouvindo suas opiniões e tirando daí uma boa reflexão sobre os responsáveis pela formação de suas consciências na atualidade.

Isto é fundamental na construção da representatividade no poder, uma vez que a educação oral formaliza a estrutura do pensar protagonizada pela indústria cultural capitalista hegemônica no país, no continente e no mundo.

Nossa principal tarefa é debater com a parcela da sociedade que nos interessa, o que perderemos caso se consolide uma vitória reacionária tucana.

Para isto é importante que nossos materiais de agitação e propaganda e nossos instrumentos de diálogo com a sociedade estejam a serviço desta intencionalidade de classe. A edição especial do Brasil de fato e as cartas dos movimentos sociais do campo nos dão estes elementos.

A tarefa apenas começou. O mais importante vem depois, com uma vitória do PT. Aí o debate será de outra natureza: reivindicar, exigir, construir, cobrar um rumo diferente para a política de governo do Brasil. É verdadeiramente uma campanha com voto crítico que requer ser escutado agora, mas construído de fato depois das eleições.

A tarefa maior está para além do poder institucional a ser tensionado: teremos que retomar abertamente a reconstrução da unidade da esquerda, com o objetivo de construirmos e disputarmos o poder com base em um projeto popular, que realmente nos represente como trabalhadores brasileiros e latino-americanos.

Olhares sobre as eleições - parte XXII

Olha, estou de saco cheio do machismo do José Serra! As falas carregadas de viés de gênero, preconceituosas e que tratam a mulher como objeto me deixam indignadíssima! Não bastasse ter declarado num culto evangélico seu não-apoio à votação da lei contra a homofobia, agora mais uma das suas me deixa perplexa: num gesto convulsivo de quem já vai dar os últimos suspiros, ele pede "às moças bonitas que consigam votos junto a seus pretendentes"... Ah, Serra, nota-se o seu desespero diante da chegada do dia 31. E fica claro que em busca de alimentar a sua vaidade e seu desejo por poder, ele usa qualquer argumento, não se preocupando com a opinião pública a seu respeito: e o que acontece? Perde mais votos! Sujeitinho detestável...

Veja a matéria sobre o fato:

Mulheres reagem a pedido de Serra para convencer pretendentes

28/10/2010 21:04, Por Redação, do Rio de Janeiro

Serra realizará caminhada na Zona Sul do Rio, neste domingo

Serra falou a uma plateia em Minas

O candidato tucano, José Serra, gerou uma nova onda de protestos na internet, no início da noite desta quinta-feira, por parte das mulheres que se sentiram ofendidas com o pedido do candidato, feito no encerramento do discurso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para uma plateia de cabos eleitorais e convidados. Ele apelou para que para as “meninas bonitas” busquem convencer os seus pretendentes masculinos a votar nele, principalmente na internet.

– Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado – argumentou o candidato.

Segundo o candidato tucano, mulheres bonitas têm mais condições de cabalar votos para a aliança da direita.

– Se é menina bonita, tem que ganhar 15 (votos). É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45 – completou.

A proposta caiu mal para as mulheres brasileiras que, no Twitter, alçaram o primeiro lugar nos trends (assuntos mais debatidos nas redes sociais) nacionais e terceiro lugar, em nível mundial, com as mensagens de protesto contra o candidato.

“Sou mineira e bonita, mas não tenho tenho vocação pra trabalho de bordel”, escreveu @fiz_mesmo, seguida de @velvetinha: “Credo, o Serra é antigo, que ideia mais triste, gente. Ele imagina as meninas coqueteando para ganhar votos. Perai, vou ali vomitar”.

Os protestos foram rastreados pela tag #serracafetao, que chegou ao terceiro lugar em nível mundial, no início da noite. O internauta @emrsn ponderou que “por muito menos o Ciro foi mega desacreditado pela imprensa”, e @purafor pergunta se esta seria uma proposta do candidato para se criar “um bordel a nível nacional”. Enquanto isso, @rodrigonc, que não deve passar dos 14 anos, aproveita para entrar na discussão, “só avisando às meninas bonitas do Twitter: podem me mandar DM (mensagem direta, na tradução do inglês) que a gente já pode negociar esse voto”.

O internauta @luisfelipesilva acirra o debate ao constatar que “não tem profissão mais ingrata do que ser marketeiro do Serra, haja gafe…”, mas coube à internauta @alessandra_st colocar o tom do protesto: “Serra desvaloriza a mulher e subestima eleitorado feminino em MG”, concluiu.



Peraí, vou ali vomitar.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Olhares sobre as eleições - parte XXI



Sem medo de ser feliz, é com Dilma que eu vou! E você?

Olhares sobre as eleições - parte XX

Dilma se mantém à frente de Serra até em pesquisa encomendada por tucanos

26/10/2010 22:08, Por Redação, do Rio de Janeiro e São Paulo

O Datafolha mantém o quadro inalterado há uma semana

O Datafolha mantém o quadro inalterado há uma semana

Enquanto a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, mantém a vantagem, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira, para o adversário tucano, José Serra, este lança mão de estudo pago ao Instituto GPP, ao custo de R$ 160 mil, para apontar uma distância menor entre um e outro. De acordo com o levantamento do Datafolha, a petista assegura 56% dos votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos) contra 44% de José Serra (PSDB). Os números em votos válidos são os mesmos registrados na pesquisa anterior, realizada no dia 21.

Já no total de intenções de voto, a oscilação foi pequena. Dilma passou de 50% a 49% e Serra foi de 40% a 38%. 5% afirmaram que pretendem votar em branco ou nulo, enquanto 8% dizem estar indecisos. No Sudeste, Serra caiu três pontos percentuais, a maior parte deles em Minas Gerais, e registra 40%, contra 44% de Dilma. No Sul, ele ainda lidera, por apenas três pontos, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. No Nordeste, a diferença continua em 64% a 27%.

A pesquisa foi realizada no dia 26 de outubro com 4066 eleitores em 246 municípios em todos os Estados do País e está registrada no TSE sob o protocolo 37404/2010. A pesquisa foi contratada pela TV Globo e pelo diário conservador paulistano Folha de S.Paulo.

Pesquisa encomendada

Diante da debandada de aliados, que se acentuou nesta terça-feira com o abandono de um grupo de prefeitos baianos que, impressionados com pesquisas que apontam vitória de Dilma, começaram a se desvincular de Serra, o candidato tucano recebeu do governador eleito do Paraná, Beto Richa, a dica para divulgar uma pesquisa de opinião que fosse mais simpática à causa da direita. A campanha de Richa, no primeiro turno, obteve uma série de liminares, na Justiça, para censurar sucessivas pesquisas que mostravam o avanço do adversário de Richa, Osmar Dias (PDT).

Richa, em conversa com Serra, chegou a considerar a hipótese de tentar segurar, no Tribunal Superior Eleitoral, a divulgação de pesquisas na reta final da eleição para o segundo turno, mas o adversário de Dilma pensou duas vezes e descartou o viés judicialista. Surgiu, então, a ideia de buscar números mais favoráveis ao tucano. Para isso, a oposição recorreu ao desconhecido instituto GPP, fundado em 1991, e que atua preferencialmente no ramo de pesquisas empresariais, ligado ao ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM).

Para que pudesse ser divulgada, a pesquisa do GPP precisou ser registrada na Justiça Eleitoral até para, no futuro, servir de prova em um possível processo contra o PSDB, que setores da campanha petista já consideram viável, por tentativa de condução do eleitorado a erro. O registro foi feito em nome do próprio candidadto a vice na chapa de Serra, deputado Índio da Costa (DEM-RJ), de quem foi a sugestão para divulgar uma pesquisa interna, realizada entre os dias 23 e 25 deste mês. Segundo o levantamento, contando apenas os votos válidos, Dilma Rousseff (PT) teria 53,1% contra 46,8% de José Serra (PSDB). A margem de erro é de 1,8 ponto para mais ou para menos. A pesquisa foi protocolada no TSE com o número 37219/2010.

Olhares sobre as eleições - parte XIX

26/10/2010 - 08:23hGrupo da USP exorta esquerda a apoiar Dilma

Patrícia Campos Mello – O Estado de S.Paulo

Uma semana depois do manifesto de artistas no Rio em apoio à candidatura de Dilma Rousseff, um grupo de intelectuais da Universidade de São Paulo realizou um ato a favor da petista. Liderados pela filósofa Marilena Chauí e pelo historiador Alfredo Bosi, os intelectuais exortaram a esquerda a se unir em torno da candidatura Dilma, depois de alguns terem votado em Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno.

“O (José) Serra trouxe pela porta da frente o Opus Dei e a TFP (Tradição Família e Propriedade), que foram os grandes feitores da ditadura – essa é um afronta à nossa memória”, disse Marilena. “Estamos votando no futuro deste país e para proposta socialista alcançar o Brasil, a América Latina e a Europa.”

Diante dos cerca de 2 mil estudantes ali reunidos, Marilena fez uma advertência: ela conclamou todos a usarem a internet, blogs e redes sociais para alertar para o plano dos tucanos de se disfarçarem de petistas e incitarem a violência em um comício de Serra, no dia 29. “Tucanos disfarçados com camisetas e bandeiras do PT vão se infiltrar em um comício do Serra para “tirar sangue” e “culpar o PT”, afirmou a filósofa, que se recusou a dar entrevista, dizendo que “não fala com a mídia”. “Eles querem reeditar o caso Abílio Diniz”, disse Marilena, referindo-se à tentativa de ligar ao PT o sequestro do empresário Abílio Diniz, às vésperas da eleição de 1989.

A historiadora Laura de Mello e Souza, filha de Antonio Cândido, leu uma carta do pai declarando voto em Dilma Rousseff. Também participou o senador Eduardo Suplicy. Militantes distribuíam bandeiras e buttons de Dilma e do PT, além de adesivos com os dizeres: “Sou privatizado, Serra nunca mais.”

Os intelectuais reunidos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP não economizaram críticas contra Serra, Fernando Henrique e a grande imprensa. “Precisamos evitar o pior: um candidato que para conseguir chegar ao segundo turno fez uma aliança com a ala mais reacionária da Igreja, o agronegócio e a fina flor do pensamento conservador – ou seja, o que o Brasil tem de pior”, disse o filósofo Vladimir Safatle. “Esta eleição demonstrou que há um eleitorado de direita forte e presente, nossa luta vai ser longa.”

Um cartaz bem atrás da mesa dos intelectuais, conclamava os estudantes a anular o voto: “Mal Menor PT e PSDB com suas diferenças estão juntos contra os trabalhadores, a juventude e a educação – Vote Nulo! Liga Estratégica Revolucionária.”

A socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan, pediu que as pessoas não anulem seus votos. “Se vivo fosse, meu pai estaria aqui no meu lugar”, disse ela, sobre Florestan, que foi uma das grandes influências do ex-presidente Fernando Henrique. “No primeiro turno eu apoiei o Plínio (PSOL), agora, no segundo turno, discordo e não acho que tudo seja farinha do mesmo saco, Dilma e Serra representam duas concepções de mundo totalmente diferentes.”

O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, da PUC, alfinetou Serra , dizendo que Dilma é “uma mulher de valor que, ao contrário daquele que prega a liberdade de expressão, não foi se refugiar no exterior, enfrentou aqui as durezas da tortura.” Serra se exilou no Chile e depois nos Estados Unidos.

O jurista também foi duro contra a imprensa. “Esta última semana é crucial, temos visto as baixezas dessa campanha vil e indigna, sabemos que alguns veículos de comunicação, se é que merecem esse nome, vão rosnar e destilar ódio e acalentar a fabricação de mentiras contra a candidatura que representa o povo brasileiro.” O professor de literatura Flavio Aguiar, em uma carta enviada de Berlim, comparou Serra e os tucanos a “Hermógenes e seus asseclas”, vilões do livro Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, que se “aliaram aos grotões das mídias oligárquicas.”

Alfredo Bosi, um dos mais aplaudidos, disse que Dilma é vítima dos “marqueteiros venais, com perdão do pleonasmo, e da imprensa marrom de papel couché, sombra das forças mais reacionárias deste país.” Aproveitou para alfinetar Fernando Henrique, falando da sua “deprimente teoria do país dependente associado, fruto de uma teoria oportunista que está sendo desmentida pela política internacional de paz que é um dos maiores méritos desse governo”. Fernando Henrique é um dos formuladores da teoria da dependência. Os intelectuais divulgaram um manifesto, assinado por cerca de 800 filósofos e estudantes de filosofia.

Outro professor de Direito, Gilberto Bercovici, da USP, debochou do incidente em que Serra foi atacado por militantes do PT com uma bolinha de papel e um rolo de adesivo. Serra “vai transformar toda nossa luta pela democracia nisto aqui” disse Bercovivi, mostrando uma bolinha de papel. O senador Eduardo Suplicy, foi recebido aos gritos de “canta! canta!” e pediu voto em Dilma.


Olhares sobre as eleições - parte XVIII


Fiquem ligados na programação dos últimos dias de campanha! Acesse o link da programação oficial e saiba o que está rolando!

Dia 31, é 13, DILMA!!!

Olhares sobre as eleições - parte XVII


Vamos pintar o Brasil de lilás! E vamos ficar como a Torre de Capim!! Vista lilás hoje pela vitória da Dilma! É 13!

Olhares sobre as eleições - parte XVI


Estamos nos últimos dias de campanha. Faltam três dias
para o país escolher o seu novo poder executivo. Na ausência
de um novo factoide político que ajude a embananar as coisas, os demo-peessedebistas apelam para as mesmas receitas antigas usadas outrora. É típico deles jogar sujo e manipular as pessoas.

A notícia a seguir é antiga, crime usado contra Lula em 2006... Veja a barbaridade:

Quinta, 5 de outubro de 2006, 12h29
vc repórter: Santinhos trocam número de Lula


Santinhos com a foto do candidato à releeição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocada sobre o número da legenda de Geraldo Alckmin (PSDB) foram distribuídos no último domingo, dia de eleição. Os panfletos foram entregues na zona rural de Pernambuco, na região de Santa Maria da Boa Vista.

» Veja os panfletos que foram distribuídos
» Mande fotos e notícias e participe do vc repórter

Segundo Vandinho Dias, do site Supramax, os papéis - que também traziam fotos, nomes e números de candidatos PFL e PMDB - estavam sendo entregues por cabos eleitorais a pessoas de aparência humilde e roupas simples. "A intenção era levar os eleitores menos instruídos a votarem no Alckmin pensando ser o Lula", avalia Vandinho.

A Polícia Federal recolheu parte do material que estava exposto perto de um local de votação e já realiza investigação em busca da gráfica e dos distribuidores dos santinhos. Há indícios de que esta prática também tenha ocorrido em outras regiões.

O internauta Vandinho Dias, de Permanbuco, participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.



Agora, o mesmo crime eleitoral é cometido, em meio ao desespero dos tucanos e demos, na tentativa de
confundir o eleitor e vencer as eleições a qualquer custo!
Vejam só:

TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010

Denunciem!!!

Desespero nas urnas engana eleitores com #Dilma45 em adesivos e tweets

A imagem que você vê acima é fruto do desespero eleitoral.

O twiteiro@SeoCruz registrou um carro com o adesivo da candidata

Dilma adulterado: ao invés da legenda 13, do PT, o picareta mudou

para a legenda do PSDB, 45.

Não pense que isso é novo. Em 2006, já na reta final do segundo

turno, diversos panfletos com a imagem de Lula continham o número

45 para confundir o eleitor. Veja aqui matéria do portal Terra, feita em

05 de outubro de 2006, denunciando a fraude. [matéria postada acima]

No Twitter a estratégia dos picaretas é a mesma com o uso da

hashtag #Dilma45 para enganar os usuários do microblog.

Use o search do Twitter e confirme a enganação digitando no

campo de busca a referida hashtag. O usuário @millorb11,

por exemplo, partiu para a canalhice de usar um twibbon e

enganar seus seguidores, incentivando outros a usarem também.

Induzir o eleitor ao erro é crime. E você pode denunciar para a Procuradoria

Geral Eleitoral pelo seguinte e-mail pge@pgr.mpf.gov.br

(In: http://contornocomdilma.blogspot.com/2010/10/denunciem.html)

Ah, esses caras acham que os eleitores são burros, é? Ah!

Mas, como diria o Lula, a surra a gente vai dar é nas urnas!

Que eles nos aguardem!!

Um abraço fraterno e viva Dilma 13!


terça-feira, outubro 26, 2010

Olhares sobre as eleições - parte XV

Mais um email elucidativo que recebi. Achei-o bem didático, por isso posto a mensagem aqui.

"Esta mensagem é dedicada a você, eleitor consciente e crítico, cujo
voto é fundamentado em argumentos, que ainda está indeciso.

Ela é dividida em tópicos para facilitar: você pode ir direto onde lhe
interessa.

Tudo o que será exposto nesta mensagem terá dados e respectivas fontes
(clique nos links), diferentemente de tantos spams eleitorais e
correntes apócrifas que surgem por aí.

Se você discordar de algo - o que é perfeitamente legítimo - o debate
poderá se dar em cima de evidências, em vez de boatos e achismos.

Os argumentos defendidos são:

Tópico 1: Não é verdade que houve "aparelhamento da máquina
administrativa" na Era Lula;

Tópico 2: Não é verdade que "houve mais corrupção no governo Lula";
pelo contrário, os últimos 8 anos foram marcados por um combate
inédito a esse mal;

Tópico 3: Não é verdade que "a economia foi bem no governo Lula só
porque este não mudou a política econômica de FHC";

Tópico 4: Não é verdade que o governo Lula "enfraqueceu as
instituições democráticas"; pelo contrário, hoje elas são muito mais
vibrantes e sólidas;

Tópico 5: A campanha de José Serra é baseada nas fanáticas campanhas
da direita norte-americana, daí o perigo de referendá-la com seu voto.

Tópico 1: Não é verdade que houve "aparelhamento da máquina
administrativa" na Era Lula;

Você já deve ter ouvido por aí, tantas vezes, que o PT e o governo
Lula "aparelharam o Estado", usando dos cargos em comissão para
empregar amigos, apaniguados e militantes, certo?

Pois bem, então lhe perguntamos: quantos são esses cargos em comissão
no Poder Executivo federal? São 200 mil, 80 mil, 20 mil? Você faz
ideia de qual é esse número preciso?

Primeiramente, acesse este documento aqui: o Boletim Estatístico de
Pessoal do Ministério do Planejamento, última edição, de julho deste
ano.

Vejamos: na página 33, você pode ver que há hoje, no Executivo
federal, um total de 570 mil servidores civis na ativa.

Os ocupantes de DAS (cargos de direção e assessoramento superior) são
21,6 mil (página 107).

Porém, os de recrutamento amplo, ou seja, aqueles que foram nomeados
sem concurso, sem vínculo prévio com a administração, são quase 6 mil
(página 109), ou pouco mais de 1% do total de servidores civis. Se
você considerar apenas os cargos que são efetivamente de chefia (DAS
4, 5 e 6), não chegam a mil e quinhentos.

Parece bem menos do que se diz por aí, não é mesmo? Agora vamos lá:
para que servem esses cargos? Não custa dizer o óbvio: em democracias
contemporâneas, o grupo que ganha o poder via eleições imprime ao
Estado as suas orientações políticas. Em alguns países, o número de
comissionados é maior (caso dos EUA); em outros, menor (como na
Inglaterra). É natural que seja assim.

O que dizem os estudos internacionais sérios sobre a máquina
administrativa brasileira? Vá aqui e baixe um estudo da OCDE sobre o
tema. No Sumário Executivo, você verá que o Brasil não tem servidores
públicos em excesso, embora o contingente de servidores esteja em
expansão e ficando mais caro; que há necessidade de servidores sim,
para atender às crescentes demandas sociais; que uma boa gestão de RH
é essencial para que isso se concretize; e que o governo federal deve
ser elogiado pelos seus esforços em construir um funcionalismo pautado
pelo mérito.

Vamos então falar de meritocracia? O que importa é que o governo Lula
perseguiu uma política de realização de concursos e de valorização do
servidor público concursado sem precedentes. Basicamente, com os novos
concursos, a força de trabalho no serviço público federal retomou o
mesmo patamar quantitativo de 1997. A maior parte dos cargos criados
pelo PT, porém, foi para a área de educação: para as universidades e
institutos técnicos já existentes ou que foram criados. Volte no
Boletim Estatístico e veja a página 90, sobre as novas contratações em
educação. Houve muitos concursos para Polícia Federal e advocacia
pública, além de outras áreas essenciais para o bom funcionamento do
Estado.

O governo Lula regulamentou os concursos na área federal (veja
osarts.10 a 19 deste Decreto), recompôs as carreiras do ciclo de
gestão, dotou as agências reguladoras de técnicos concursados (veja a
página 92 do Boletim Estatístico), sendo que nos tempos de Fernando
Henrique, elas estavam ocupadas por servidores ilegalmente nomeados.

E então? você ainda acha que houve inchaço da máquina pública? Dê uma
olhada nos dados deste estudo aqui.

E os tucanos, que alegam serem exímios na gestão pública? O que têm
para mostrar?

Nos tempos de FHC, o contingenciamento levou à sistemática não
realização de concursos. Para atender às demandas de serviço, a
Esplanada nos Ministérios se encheu de terceirizados, temporários e
contratados via organismos internacionais, de forma ilegal e
irregular. Eram dezenas de milhares deles. Em 2002, apenas 30
servidores efetivos foram nomeados! O governo Lula teve de reverter
isso, daí a realização de tantos concursos públicos.

Você sabia? O Estado de São Paulo, governado por José Serra, tem
proporcionalmente mais ocupantes de cargos em comissão por habitante
do que o governo federal.

E os técnicos, concursados, como são tratados por lá? Bem, eles não
estão muito felizes com o Serra não.

Talvez porque as práticas que o PSDB mais condena no governo
federalsejam justamente aquelas que eles praticam no governo
estadual...

Tópico 2: Não é verdade que "houve mais corrupção no governo Lula do
que no FHC"; pelo contrário, os últimos 8 anos foram marcados por um
combate inédito a esse mal;
Muitos eleitores revelam a sua insatisfação com o governo Lula
enumerando casos como o mensalão, as sanguessugas, Erenice Guerra,
Waldomiro Diniz, Correios. Porém, uma memória que não seja curta pode
se lembrar de casos como SUDAM, SUDENE, Anões do Orçamento, mensalão
da reeleição, SIVAM, etc, para ponderar que mais do que exclusividade
deste ou daquele governo, escândalos de corrupção são um mal da nossa
cultura política.

Cientistas sociais sabem que é muito difícil "medir" a corrupção. Como
a maior parte dela nunca vem à tona, não chega a ser descoberta,
noticiada e investigada, nunca se tem uma noção clara do quanto um
governo é realmente corrupto. O que importa, então, é o que um governo
faz para combater essa corrupção. E nisso, o governo Lula fica muito
bem na fita.

Vamos começar pela Polícia Federal. Logo no início do governo, foi
feita uma limpeza no órgão (até a revista Veja chegou a publicar uma
elogiosa reportagem de capa). Desde então, foram realizados uma série
de megaoperações contra corruptos, traficantes de drogas, máfias de
lavagem de dinheiro, criminosos da Internet e do colarinho branco
(veja uma relação dessas operações aqui). Só em 2009, foram 281
operações e 2,6 mil presos. Desde 2003, foram quase dois mil
servidores públicos corruptos presos. Quem compara os números não pode
negar que a PF de FHC não agia, e que a PF de Lula tem uma atuação
exemplar.

E a Controladoria-Geral da União? Inicialmente, FHC criou a
tímidaCorregedoria-Geral da União. Foi Lula que, a partir de 2003,
realizou concursos públicos para o órgão e expandiu sua atuação. Hoje,
a CGU é peça-chave no combate à corrupção. Graças ao seu trabalho,
quase 3 mil servidores corruptos já foram expulsos. A CGU contribuiu
nocombate ao nepotismo e zela pelo emprego das verbas federais
viasorteios de fiscalização. E o Portal da Transparência, você
conhece? Aquele "escândalo" do mau uso dos cartões corporativos só
apareceu na imprensa porque todos os gastos das autoridades estavam
acessíveis a um clique do mouse na Internet.

Vamos ficar nesses casos, mas poderíamos citar muitos outros: o
fortalecimento do TCU como órgão de controle, um Procurador-Geral da
República que não tem medo de peitar o governo (o do FHC era chamado
de "engavetador-geral da República", lembra-se?), oDecreto contra o
nepotismo no Executivo Federal. Numa expressão, foi o governo Lula
quem "abriu a tampa do esgoto".

Se uma pessoa acreditar menos numa mídia que é claramente parcial, e
mais nas evidências, a frase "o governo Lula foi o mais republicano da
nossa história" deixará de parecer absurda. Que tal abrir a cabeça
para isso?


Tópico 3: Não é verdade que "a economia foi bem no governo Lula só
porque este não mudou a política econômica de FHC";
Quando se fala em política macroeconômica implantada por FHC,
refere-se geralmente ao tripé câmbio flutuante, regime de metas de
inflação esuperávit primário. Vamos poupar o leitor do economês:
basicamente, o preço do real em relação ao dólar não é fixo, flutuando
livremente; o Banco Central administra os juros para manter a inflação
dentro de um patamar; e busca-se bons resultados nas transações com o
exterior para pagar as contas do governo.

Nem sempre foi assim, nem mesmo no governo FHC: até 1998, o câmbio era
fixo. Todo mundo se lembra que, em janeiro de 1999, a cotação do
dólar, que valia pouco mais de um real, subitamente dobrou. Talvez não
se lembre que isso ocorreu porque FHC tinha mantido artificialmente o
câmbio fixo durante 1998, para ganhar a sua reeleição - que teve um
custo altíssimo para o país - e logo depois, vitorioso, mudou o regime
cambial (no que ficou conhecido como "populismo cambial"). O regime de
metas de inflação foi adotado só depois disso. Ou seja, FHC não só não
adotou uma mesma política macroeconômica o tempo em que esteve no
Planalto, como também deu um "cavalo-de-pau" na economia, que jogou o
Brasil nos braços do FMI, para ser reeleito.

Que política macroeconômica de FHC então é essa, tão "genial", que o
Lula teria mantido? A estabilidade foi mantida, sim, e a implementação
do Plano Real pode ser atribuída ao governo FHC (embora Itamar Franco,
hoje apoiador de Serra, discorde disso).

Mas Lula fez muito mais do que isso. A inflação não voltou: as taxas
de inflação foram mantidas, entre 2003 e 2008, num patamar inferior ao
do governo anterior. E com uma diferença: a estagnação econômica foi
substituída por taxas de crescimento econômico bem maiores, com
redução da dívida pública.

A alta do preço das commodities no mercado externo favoreceu esse
quadro (reduzindo a inflação de custos), mas não foi tudo. O
crescimento da economia também foi favorecido pelo crescente acesso ao
crédito: em 2003, foi criado o crédito consignado, para o consumo de
massa de pessoas físicas - e deu certo, puxando o crescimento do PIB;
o BNDES se tornou um agente importantíssimo na concessão de crédito de
longo prazo (veja esta tabela), induzindo outros bancos a
paulatinamente fazerem o mesmo.

Os aumentos reais do salário mínimo e os benefícios do Bolsa Família
foram decisivos para uma queda da desigualdade social igual não se via
há mais de 40 anos: foi a ascensão da classe C.

Isso tudo é inovação em relação à política econômica de FHC.

E quando bateu a crise? Aí o governo Lula foi exemplar. Ao aumentar as
reservas em dólar desde o princípio do governo, dotou o país de um
colchão de resistência essencial. Os aumentos reais do salário mínimo
e o bolsa família possibilitaram que o consumo não se retraísse e a
economia não parasse - o mercado interno segurou as pontas enquanto a
crise batia lá fora. E, seguindo o receituário keynesiano - num
momento em que os economistas tucanos sugeriam o contrário - aumentou
os gastos do governo como forma de conter o ciclo de crise. Deu certo.
E a receita do nosso país virou motivo de admiração lá fora.

No meio da pior crise global desde a de 1929, o Brasil conseguiu criar
milhões de empregos formais. Provamos que é possível crescer, num
momento de crise, respeitando direitos trabalhistas, sendo que a
agenda do PSDB era flexibilizá-los para, supostamente, crescer.

Você ainda acha que tucanos são ótimos de economia e petistas são meros imitões?

Então vamos ao argumento mais poderoso: imagens valem como mil palavras.

Dedique alguns minutos a este vídeo, e depois veja se você estaria
feliz se Serra fosse presidente quando a crise de 2008/2009 tomou o
Brasil de assalto.

Se você tem mais interesse nessa discussão, baixe este documento aqui
e veja como andam os indicadores econômicos do Brasil neste período de
crescimento, inflação baixa e geração de empregos.


Tópico 4: Não é verdade que o governo Lula "enfraqueceu as
instituições democráticas"; pelo contrário, hoje elas são muito mais
vibrantes e sólidas;
Mostramos no tópico 2 que os órgãos de controle e combate à corrupção
se fortaleceram no governo Lula. Além deles, os outros Poderes
continuaram sendo independentes do Executivo. O Legislativo não deixou
de ser espaço de oposição ao governo (que Arthur Virgílio não me deixe
mentir), e lhe impôs ao menos uma derrota importante. O Judiciário...
bem, além de impor ao governo derrotas, como no caso da Lei de
Anistia, está no momento julgando o caso do mensalão, o que dispensa
maiores comentários.

E a imprensa? Ela foi silenciada, calada, em algum momento? Uma imagem
vale por mil palavras - clique aqui.

O que se vê, na verdade, é o oposto. Foi o Estadão, que se diz
guardião da liberdade, quem censurou uma articulista por escrever este
texto, favorável ao voto em Dilma.

Neste vídeo, uma discussão sobre as verdadeiras ameaças à liberdade de
expressão.

Sobre democracia, é impossível não abordar um tema que foi tratado à
exaustão neste ano de 2010: o terceiro Plano Nacional dos Direitos
Humanos, PNDH-3.

Muito se escreveu sobre seu caráter "autoritário", sobre a "ameaça"
que ele representaria à democracia. Pouco se escreveu sobre o fato de
ele ser não uma lei, mas um Decreto do Poder Executivo, incapaz,
portanto, de gerar obrigações em relação a terceiros. Não se falou que
se tratava de uma compilação de futuros projetos de governo, que
teriam que passar pelo crivo do Poder Legislativo. Não foi mencionado
que ele não partiu do governo, mas de uma Conferência Nacional, que
reuniu os setores da sociedade civil ligados ao tema. E pior, a
imprensa deliberadamente omitiu que seus pontos polêmicos já estavam
presentes nos Planos de Direitos Humanos lançados no governo FHC.

Duvida? Leia este texto e este aqui. Ou ainda, veja com seus próprios
olhos: neste link, os três PNDH's.

Olha lá, por exemplo, a temática do aborto no PNDH-2, de 2002 (itens 179 e 334).

Por fim: você realmente acha que um governo que traz a sociedade civil
para discutir em Conferências Nacionais, para, a partir delas,
formular políticas públicas, é antidemocrático? Pense nisso.


Tópico 5: A campanha de José Serra é baseada nas fanáticas campanhas
da direita norte-americana, daí o perigo de referendá-la com seu voto.
Quem acompanhou as eleições de 2004 e 2008 para a Presidência dos
Estados Unidos sabe quais golpes baixos o Partido Republicano - aquele
mesmo, conservador, belicista, ultrarreligioso - utilizou para tentar
desqualificar os candidatos do Partido Democrata. Em 2004, John Kerry
foi pintado como o "flip flop", o "duas caras". Em 2008, lançaram-se
dúvidas sobre a origem de Obama: questionaram se ele era mesmo
americano, ou se era muçulmano, etc. Em comum, uma campanha marcada
pelo ódio, pela boataria na Internet, pela disseminação do medo contra
o suposto comunismo dos candidatos da esquerda e a ameaça que
representariam à democracia e aos valores cristãos.

Você nota aí alguma coincidência com a campanha de José Serra, a
partir de meados de setembro de 2010?

Não?

Então vamos compilar algumas acusações, boatos e promessas que
surgiram nas ruas, na internet, na televisão e nos jornais, com o
objetivo de desconstruir a imagem da candidata adversária, ao mesmo
tempo em que tentam atrair votos com base em mentiras e oportunismo.

Campanha terceirizada:
Panfletos pregados em periferias associaram a candidatura de Dilma a
tudo o que, na ótica conservadora, ameaça a família e os bons
costumes;
Panfletos distribuídos de forma apócrifa disseram que Dilma é
assassina, terrorista e bandida, com argumentos dignos da época da
Guerra Fria;
E você acha que isso foi iniciativa isolada de apoiadores, sem vínculo
com o comando central da campanha? Sinto lhe informar, mas não é o
caso: é o PSDB mesmo que financiou e fomentou esse tipo de campanha de
baixo nível.

Oportunismo religioso:
- José Serra distribuiu panfletos em igrejas, associando seu nome a
Jesus Cristo;
- José Serra pagou campanhas de telemarketing para associar o nome de
Dilma ao aborto;
- Até hino em igreja evangélica o Serra cantou;
- José Serra começou a ir a missas constantemente, de forma tão
descarada que chamou atenção dos fiéis;

Promessas de campanha oportunistas:

- O PSDB criticou o Bolsa Família durante boa parte do governo Lula;
mas agora, José Serra propõe o 13º do Bolsa Família;

- O PSDB defende a bandeira da austeridade fiscal e da contenção dos
gastos públicos - foi no governo FHC que se criou o "fator
previdenciário"; mas para angariar votos, Serra prometeu um salário
mínimo de 600 reais e reajuste de 10% para os aposentados;

- O PSDB criticou o excesso de Ministérios criados por Lula, mas nesta
campanha, Serra já falou que vai criar mais Ministérios;

- O DEM do vice de Serra ajuizou ação no STF contra o ProUni, mas
agora diz que defende o programa;

- O PSDB se pintou de verde para atrair os eleitores de Marina no 1º
turno, mas é justamente o partido de preferência da bancada ruralista
e dos desmatadores da Amazônia;

Incoerência nas acusações:

- Serra acusou a Dilma de ser duas caras, mas ele mesmo entrou em
contradição sobre suas relações com o assessor Paulo Preto;

- Serra tentou tirar votos de Dilma dizendo que ela era favorável ao
aborto, sendo que ele, como Ministro, regulamentou a prática no SUS;

- Mônica Serra chamou Dilma de "assassina de crianças", sendo que ela
mesma já teve que promover um aborto;

- José Serra nega que seja privatista, mas já foi defensor das
privatizações, tendo o governo FHC a deixado a Petrobras em
frangalhos;

- Serra acusa Dilma de esconder seu passado, mas ele mesmo esconde muita coisa;

- A campanha de Serra lança dúvidas sobre o passado de resistência de
Dilma, mas omite que dois dos seus principais apoiadores, Fernando
Gabeira e Aloysio Nunes Ferreira, pegaram em armas na resistência
contra a ditadura, e que ele, Serra, também militou numa organização
do tipo;

- Serra associa Dilma a figuras controversas como Renan Calheiros,
Fernando Collor e José Sarney, mas esconde o casal Roriz, Roberto
Jefferson, Paulo Maluf, ACM Neto, Orestes Quércia e outros apoiadores
nada abonadores. Aliás, antes do Indio da Costa (que aliás pertence a
uma família de tutti buona gente), quem era cotado para vice dele era
o Arruda, do mensalão do DEM, lembra-se?

Isso sem citar os boatos que circulam nas ruas, nos ônibus, nas
conversas de bar e entre taxistas.

E então: você ainda acha que a campanha de Serra é propositiva, digna,
limpa? Um candidato que se vale de expedientes tão sujos para chegar
ao poder merece o seu voto?"

P.S.: Desculpem-me, mas o email me chegou sem os links. Mas imagino que dê para acessá-los pelos nomes, se for do seu interesse.

Um abraço fraterno,

Fabiana