quarta-feira, agosto 30, 2006

Carta de amor antes que o dia nasça

Não é porque você tem mãos lindas, nem porque tem voz quente, nem porque tem um sorriso amplo e me diz com todas as letras que me deseja. (...) Não é. Não é porque existe um sol no teu sorriso nem porque vejo em você uma galáxia inteira de coisas por descobrir. Não é porque te admiro pelo pouco que vi e pelo muito que sei que há aí. Não é porque vejo teu corpo e penso em metafísicas. Não é porque sonhamos coisas que se tocam. Não é porque você cabe nos meus sonhos. Não é porque você é poético e vejo linguagens em cada coisa que sai de ti. Não é também porque te sinto ao meu lado, mesmo distante. Nem é porque você sabe chegar até minha alma, sem precisar de mapas ou explicações de “vire à direita”, “vire à esquerda”. Não é porque você me acha linda e me repete sempre para que eu não me esqueça. Nem é porque você faz exatamente o que diz o poema “eu quero que me digas a cada cinco minutos...”. Não é porque te acho extraordinário. Nem porque te acho amável, amável, amável. Não é porque imagino o que teus dedos farão com minha pele, ou o que teus dentes, tua língua, teus lábios vão fazer com meu corpo, com meus ossos de mulher. Não é porque você me comeria e me chuparia os ossos; não é. Não é porque eu ache que somos feitos um para o outro. Não é porque acho que vamos ser felizes intensa e infinitamente juntos. Nem é porque você me dá a certeza de que vou te amar desvairada e lucidamente. Não é porque você me desperta desejos, medos e ilusões. Nem é porque sei que nossa história tem a força daquilo que tem que acontecer, como em Caetano. Não é porque eu ache que você nasceu para mim. Nem é porque te admiro, te admiro e não me canso de dizê-lo. Não é porque você tem uma alma linda, e um corpo de deus. Não é porque você me faz sonhar de novo. (...) Não é porque te sei meu, sem que ninguém precisasse apontá-lo a mim. Não é porque me sinto criança quando estamos juntos, e nem é porque sinto que posso ser inteiramente verdadeira com você. Não é porque você me dá vontade de voltar a brincar. Não é porque rimos juntos e compartilhamos momentos adoráveis. Nem é porque de você eu quero tudo, tudo, tudo. Não é porque você me deixa o desejo de te cuidar e de, também, por você ser cuidada. Não é. Não é porque há leveza no teu jeito, nem porque há intensidades demais, nem porque há altas temperaturas sob tuas palavras e imagino como há de ser o teu toque. Não é porque você está longe e eu posso idealizá-lo mais que encarar quem és de fato. Não é. Não é porque quero o mundo junto com você. (...) Não é porque você me faz sentir a mulher madura que sou, e você desperta as outras tantas que há em mim. (...) Não é porque me sinto atraída, e arrebatada, e enamorada, e feliz. Não é, não é.

É, sim, porque você chegou agora, quando eu já me sinto pronta. E posso ser sua sem medos, sem disfarces, sem culpas, sem receios. Porque estou inteira. Porque posso amá-lo da maneira mais completa que jamais amei alguém. Porque podemos construir um mundo nosso. E habitá-lo. Porque você é um presente para mim. E podemos ser porque eis o momento do encontro.


Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa...que bonito, LINDA.
Te adoro.
Emerson