Meus sapatos cariocas
Tem uns dias em que eu acho que o mundo náo me pertence. Eu me sinto fora dele, e ele me dói. Hoje acordei me sentindo assim. Mas nada como ganhar a rua, encontrar pessoas, ver a vida circulando e depois pintar as unhas de vermelho. Nada como um bom esmalte vermelho para doer menos a crueza das coisas. Hoje, estou refletindo sobre a dureza do capitalismo. A dureza do capitalismo versus a poesia das minhas máos. [Marquei encontro com ele, ele náo apareceu. Infelizmente náo tenho toda a tarde, guapo.]. Dor de cabeça tem a ver com a tentativa de ter controle sobre as coisas. Hoje, confesso, estou tensa. Tenho medo do porvir. Muitos futuros me esperam. Tenho pensando que o melhor é me lançar nisso, em vez de tentar controlar as coisas. Como sempre, viver intensamente até a última gota, doendo ou náo. E engana-se quem acha que pode controlar qualquer coisa. Hoje eu queria desenhar. Desenhar pra fazer vir à tona meu inconsciente, e domá-lo, ou simplesmente brincar de existir com ele. Desenhar o que náo tem coragem de virar palavra. Tem uma dúzia de coisas que moram em mim e que náo têm traduçáo possível com as línguas que sei falar.
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Ontem, fui ver Marie Antoinette. Chorei em várias cenas, pela beleza, pela força. A arte pode desfazer imagens medonhas de figuras históricas. Maria Antonieta e seus brioches. No fim das contas, quem haverá dito o quê na História do mundo??...
Ah! O figurino do filme é de causar êxtases estéticos...
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Estou deixando que o reagge maravilhoso do grupo Tryo colonize os meus ouvidos... Eles sáo maravilhosos...
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Hoje, me dei de presente outro livro da minha querida Simone de Beauvoir: a sua correspondência amorosa com Nelson Algren. Sáo só as dela, sáo mais de trezentas missivas, escritas em quase duas décadas de correios entre Estados Unidos e Paris. As cartas de amor sáo mesmo ridículas?...
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A dor de cabeça persiste. É hora de ganhar a rua outra vez, preciso dar continuidade ao dia.
Um comentário:
Queria Fabiana: nunca consigo publicar comentários no seu blog, a ver... mas sempre leio e adoro...esse livro? É tão bonito, eu já li trechos...tinha uma carta que ela chamava o Aleger de Feio-malvado-do-meu-coração...pode?
beijo
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