domingo, março 20, 2011

Carta à amiga que se foi

Encontro forças no amor e amizade que senti e sinto por ela durante nossos 20 e tantos anos de amizade e afeto para vir aqui escrever. E também no rivotril que me ministraram no hospital para acalmar os nervos. Cheguei em casa e não pude fechar os olhos. Estou como em transe: o mundo parece irreal, e não consigo reagir a nada. Meu amado me serviu o almoço na cama (já eram quase cinco da tarde) e fiquei ali, tentando buscar o sono, o mergulho no abismo onde não houvesse essa dor, essa tristeza, essa saudade. Mas o sono não veio. Levantei e vim afogar minha saudade em sorvete com aveia. Comer para preencher o vazio. Uma compulsaozinha para minimizar a dor. Sei que ela brigaria comigo, me diria "cuidado com o açúcar, cuidado com a diabetes gestacional", como fez esses dias nos seus arroubos para que eu tenha uma gravidez saudável.

Saí do pronto-socorro e a rua parecia um cenário distante. Fazia por volta de 26º, mas eu sentia frio, um frio na alma, inexplicável. Me dei conta de que um pedaço do meu coração se foi. Loteamos nosso coração ente aqueles que amamos incondicionalmente, e ela era uma dessas pessoas. Eu a amava incondicionalmente. Não importava se um dia brigássemos, ou se ela ou eu sumíssemos, o amor ficava ali, intocado. E foi assim por todos esses anos de amizade.

Ainda estou em estado de choque. Não acredito. E por não acreditar, parei de chorar um pouco. Talvez seja o efeito do rivotril. A preocupação de todos da minha família é que eu fique bem para não fazer mal ao bebê. Eu também estou preocupada com isso. Mas o que fazer com essa dor dentro do meu peito?

Amiga querida da minha alma, onde quer que você esteja, saiba que te amarei para sempre, como a irmã que você sempre foi pra mim. e a irmã que fui pra você. Sua partida tão breve me ensina as mesmas lições que tentei te passar outro dia, quando você falava de ainda não ter superado a ida de vó Pazinha e de Simone. Nunca vamos deixar de amá-las, só vamos aprender a esperar pelo reencontro, que um dia virá.

Você me ensinou tantas coisas! E agora, neste momento de dor, continua me ensinando. Vou lamentar que você que não esteja aqui para meu bebê aprender a te chamar de tia e te amar como eu te amo. Vou sentir muita saudade, saudade de quem fui ao seu lado, de todas as coisas maravilhosas que vivemos juntas, compartilhamos, de como crescemos com os erros e acertos uma da outra!

Onde você estiver, saiba que vou continuar rezando por você e para que um dia a gente volte a se encontrar, minha querida! Saudades, muitas saudades, saudades eternas, Katinha.

Da irmã que te ama e te amará eternamente,

Bia

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