domingo, abril 27, 2008

Apenas uma vez... e outra vez... e mais outra...

Cena de Once.

“Não fiz ‘Once’ por causa de prêmios, fiz para as pessoas se emocionarem. Todo o resto é besteira”, afirma Hansard.

Hoje, vi pela terceira vez Once (Apenas uma vez), o filme que foi premiado com o Oscar de melhor canção em 2008. E não foi o único prêmio com o qual essa película foi agraciada. Em uma palavra: lindo. Adorei, para começar, algumas idéias simples, tais como: ele aperece nos créditos como GUY; ela, GIRL. E não me dei conta disso até ler os créditos ao final da segunda ida ao cinema. Eles não têm nomes, são um homem e uma mulher que se encontram. E, de repente, o encontro entre dois seres humanos é mais importante que a formalidade de termos nomes, profissões, estados civis registrados em cartórios, histórias anteriores. O encontro se dá da maneira mais ex(in)tensa cabível nessa palavra. E o cartaz do filme nos pergunta: "How often do you find the right person?".

O encontro acontece nas ruas de Dublin, no lugar público onde as pessoas circulam a caminho de diversos lugares. Ele oferece música aos que passam; ela, flores. "Do you want flowers?" é a pergunta que ela faz aos transeuntes. Ele canta, toca seu violão, libera pela voz o que lhe vai na alma.
Durante uma semana eles se procuram pelas ruas de Dublin, conversam, se conhecem, compõem.

Eu não conhecia Glen Hansard nem Marketa Iglova, mas são uma surpresa como músicos. E também como atores. Ele é irlandês e líder do grupo
The Frames. Ela é multi-instrumentista, cantora e compositora, e nasceu na República Tcheca. Em 2006, gravaram juntos o primeiro álbum solo da carreira de Hansard.

Gosto da câmera na mão, das cenas sensíveis, dos atores desconhecidos - talvez imigrantes -. O filme traz uma Dublin melancólica, mas fala de coisas belas como sonhos, encontros verdadeiros, solidariedade, sincronicidade.

Uma das cenas mais bonitas (das muitas que me tocaram) é quando eles - Guy e Girl - vão almoçar e a câmera registra o reflexo da rua no vidro do restaurante-café onde eles estão. Sobre os seus rostos se inscrevem os carros e pessoas que passam fora do restaurante... É belíssimo. Foi uma das cenas que me proporcionaram intenso prazer estético.

A música do filme é maravilhosa, os que não são muito afeitos aos filmes musicais imaginarão que é cansativo ver o desenrolar de composição, ensaios, gravações durante os 100 minutos de fita, mas tudo isso se apresenta de maneira tão natural e fluida que é prazeroso acompanhar essa trajetória. O encontro de Guy e Girl não seria, então, apenas o possível encontro do homem e da mulher, mas o encontro - verdadeiro, intenso, indelével - dos dois músicos que constróem juntos um disco, um sonho.


Um fato bacana é que o diretor do filme é o baixista da banda de Hansard, e ele também assina o roteiro, que, dizem, tem aspectos autobiográficos. Outro ponto de contato entre realidade e ficção confirma a máxima de que "a Vida imita a Arte": "rolou" tanta química entre os dois atores, que eles começaram a namorar durante as filmagens, e essa química fica visível aos olhos do público. Torço pelo romance real, pois na ficção ele não decola...
;)

Um comentário:

Anônimo disse...

once!
eu vi no cinema
ele tem coisas muito fodas mesmo, de arrepiar... mas sabia que eu saí do cinema respondendo à pergunta do postêr: "twice!". Duas vezes!
os dois ali tinham tido relações amorosas que não foram boas, porque foram adiante. e se eles tivesse ido adiante? ia ser mais um casamento, você não acha?
isso me faz pensar em As Pontes de Madison. se a Meryl streep tivesse aberto a porta do carro e fugido com o fotógrafo, ela ia casar e viver todo o tédio do casamento com ele também.
vc viu as pontes?
acho melhor que once hihihi

cibelecambuci@gmail.com
bju