quarta-feira, abril 30, 2008

Chega de Imprensa medíocre!!!

Lá embaixo eu citei os lindos versos de Adélia Prado para falar do que eu sinto. Acho mesmo que esses versos são um pedaço de mim, uma parte do que eu sou. Eu sou gauche, como Drummond, como Adélia, como Torquato Neto, como Chico. Eu me dou conta de que grande parte das minhas escolhas nessa vida é gauche também. É só me pegar distraída e lá estou eu, automaticamente, fazendo coisas gauche, escolhas gauche. Eu sou comunista, feminista, sou escritora e poeta (sim, o poeta foi expulso da pólis grega há muito tempo...), meu time não ganha campeonatos nacionais. A sensação que tenho é a de que caminho na contra-mão do mundo em que vivo: um mundo capitalista selvagem, de ordem patriarcal instituída (em detrimento de outras), de valores também capitalistas e patriarcais, de gente que execra os poetas e as pessoas que pensam que outro mundo seria melhor.
Não estou tecendo uma pinta de "coitadinha de mim"! Estou apenas criando um pano de fundo para o que quero realmente falar. E o que eu quero escrever hoje tem a ver com o mundo e como ele anda organizado. Por sinal, anda uma merda. Tenho detestado, odiado, abominado, se eu pudesse eu fazia um exorcismo da Imprensa brasileira!!! Já imaginaram se eu realmente houvesse seguido meus planos de adolescente e fosse hoje jornalista?? :S Provavelmente, seria
gauche mais uma vez: jornalista gauche. Tenho tido nojo da conduta da mídia. É detestável a pobreza dos nossos meios de comunicação, e pior: dá asco a maneira como eles nos tratam, a nós, leitores-consumidores das porcarias que eles publicam, sejam na televisão, sejam na imprensa escrita. Tudo começou com a morte dessa menininha. Eu já vinha há muito tempo de saco cheio absoluto com a tevê, com os jornais e algumas revistas - felizmente, não incluo nas minhas críticas destrutivas alguns setores da Imprensa que realmente respeito muito e que tratam o leitor-cidadão como ele merece -. Bom, tudo começou com a morte da menininha. O Carlos Viana (sujeito que respeito muito, e que é responsável por alguns veículos da imprensa de Minas) disse algo de que gostei, numa entrevista na Rede Minas: comparou a cobertura do caso Isabela Nardoni a uma telenovela, cujos capítulos vão sendo anunciados a cada momento e acompanhados com furor pelas pessoas. É desprezível que nos julguem tão mal. É medíocre que nos subestimem e façam, a cada 10 minutos, bombardeios televisivos com os flashes dos "últimos acontecimentos do caso"... Fazem muito bem os que desligam a tevê, os que se recusam a entrar nessa dança estúpida. Esse sensacionalismo é um fragmento do cosmos em que vivemos hoje e de como ele está estruturado. Quando foi que começamos a ser tão superficiais, tão medíocres e levianos? Sim, é leviano o que se vê na imprensa. E é igualmente leviana a absorção, a permeabilidade da imensa maioria da população ao que ela publica.

Ainda bem que não insisti no jornalismo. Provavelmente eu seria mais uma entre os que são obrigados a fazer coberturas sensacionalistas e burras, a produzir matérias e reportagens que não cumprem papéis sociais relevantes. É muito preciso que a sociedade comece a questionar a ética na Imprensa, que se comece a questionar o papel do jornalista como um compromisso político, social, cultural, histórico. Chega de imprensa medíocre, dá náuseas ligar a tevê, abrir a maioria dos jornais, ler algo na internet. Faço questão, inclusive, de publicar uma lista aqui na Torre de capim lilás dos jornais e páginas que considero sérios e que leio com freqüência. Pois é preciso "dar a César o que é de César", e separar os que fazem um trabalho de respeito ao cidadão-leitor daqueles que, definitivamente, não o fazem!

Era isso o que eu tinha pra dizer. Que se juntem à minha voz a dos gauches!

Nenhum comentário: