Hoje é o dia da Poesia! E ninguém melhor que Vinícius de Moraes para amalgamar ao papel a poiesis, a leveza do lírico... É com seus versos de "O mosquito" que saúdo a Poesia e sua existência!!
Parece mentira
De táo esquisito:
Mas sobre o papel
O feio mosquito
De táo esquisito:
Mas sobre o papel
O feio mosquito
Fez sombra de lira!
Montevidéu, 1959.
(MORAES, Vinícius de. Nova antologia poética. SP: Companhia das Letras, 2005.)
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É um poeminha táo curto, mas carregado de imagens deliciosas. Em cinco verinhos, o mosquito - serzinho táo indesejado - passa a ser tema da Poesia, através da apropriaçáo de um elemento táo inesperado do cotidiano. O mosquito "se transforma" em lira, e é o que dá graça e ternura a esses versos. A observaçáo do mosquito pousado sobre o papel mostra que a sombra que o feio ser projeta sobre a folha se parece a de uma lira. Tentei imaginar como seria o tal mosquito... ;)
Claro que há também a questáo metalingüística: a criaçáo "lírica" se vale de todo e qualquer elemento do cotidiano do/da poeta. E, nesse poeminha, Vinícius cria, majestosamente, a partir do mosquito, a própria lira, que é o símbolo da poesia.
Procurei imagens de mosquitos na internet. E de diversas liras. Resolvi colocar aqui exemplos dos dois seres (animado e inanimado), e a brincadeira consiste em descobrir afinidades anatômicas entre os dois. Ganha um caramelo quem conseguir ser mais enfático na sua defesa.
Eis a lira:
Eis a lira:

E o mosquito projetado no papel...

Agora usem a sua criatividade e imaginaçáo e concorram a um delicioso caramelo... Au revoir, les jeunes! E feliz dia da Poesia!! Muitos versos de amor pra vocês!!
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