quarta-feira, novembro 15, 2006

Os sete pecados capitais (Parte VII)


A Soberba

Página arrancada do diário da déspota:

Eu sou melhor que tudo. Gosto que se ajoelhem a meus pés, é o que tem que ser. Aos que não me amam, minha sincera indiferença. Aos que me amam, minha indiferença dissimulada. Sou ótima em tudo que faço, sou a melhor. Piso com salto agulha em corações, recito poemas em grego aos meus súditos e quero que todos se arrastem diante de mim, como répteis. Minha soberba? É o melhor de mim, e o resto também é ótimo. Não, não é soberba, são as coisas como têm que ser. Lamento se não agrado a todos, mas costumo ser boa até quando sou má. Boa em incomodar, boa em esquecer, boa em tornar as coisas mais reais. Todos devem me amar, é a única realidade possível. Tenho o mundo aos meus pés, tenho tudo o que quero. Se ainda não tenho, é porque não desejei. A um desejo meu, tudo se concretiza. Sou melhor que tudo. E não poderia ser de outro jeito. Sou a filha do rei, o ser superior aqui na Terra.

Venerem-me. Amem-me. É o melhor caminho a tomar. É o único.

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