sábado, setembro 23, 2006

Anéis de Saturno

Quando eu era muito pequena, "lia" repetidas vezes as imagens de uma coleção de Ciências que havia na minha casa: deliciava-me com os planetas, os reinos animais, os mistérios do ar, da terra, do mar. Uma das lembranças mais mágicas em minha memória era a figura do planeta Saturno, com seus anéis coloridos e sua aparência etérea. A imagem de Saturno me acompanha há muitos anos. Muitos versos saíram da poesia desse planeta; na adolescência, descobri o poeminha de Quintana que fala do fim dos objetos perdidos, que todos vão parar em Saturno. Minha paixão por Saturno era intuitiva. No fundo, no fundo, eu já amava era Chronos (o deus absoluto do tempo), e era por ele que eu me encantava ao ler as imagens dos livros de Ciências...

"Saturno devorando a sus hijos" - Francisco de Goya.


O outro nome de Saturno, Chronos - o pai que devora os próprios filhos -, hoje, me aterroriza e fascina. É interessante ver como tudo tem muitas faces. Um planeta que recebeu o nome de um deus que devorava, impiedosamente, os próprios filhos (a imagem do tempo que nos engole sem trégua...). Permito-me ampliar a leitura naïf e somente-lúdica que sempre fiz dos versos de Quintana: os objetos perdidos são devorados pelo tempo... Os objetos têm sua caminhada "cronológica". Começo e fim.

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Meu desejo estava sendo ter um cachorro. O regulamento interno do prédio só permite raças de pequeno porte. Desisiti de ter o meu (um labrador, sim, um labrador...), pelo menos temporariamente (que pode significar "por alguns anos mais..."), até morar numa casa. Acho que não estava precisando de companhia, o que gostaria mesmo era de ter alguém pra cuidar. Alguém que realmente tivesse necessidade de mim...



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