Lembro de uma adorável entrevista que Lygia Fagundes Telles concedeu a Jô Soares há alguns anos, na qual ela falava sobre os amores que teve pela vida afora. A imagem é deliciosa: a respeitável escritora refere-se aos amores passados como menos intensos que o último que se vive/viveu. Lógico, óbvio, dirão todas e todos. Mas a parte deliciosa não está nisso. Contava ela que, quando lhe perguntavam se fulano ou beltrano haviam sido o grande amor da sua vida, ela respondia com jeito maroto (para usar uma palavra da sua época...): "Que nada! Com ele eu apenas dancei uma valsa!...".
O que me fala é a doçura com que se descarta um sentimento. Ou que não se descarta, que se redimensiona o que se viveu. E como ela deu leveza ao que se perdeu: virou valsa... Virou poesia!
A metamorfose dos sentimentos é uma das coisas mais incríveis na vida de um artista, na vida de um ser sensível. Dançamos valsas, rodopiamos pelo salão nos braços de alguém, e isso é o que importa. Essa é a lembrança que a mente guarda, carinhosamente, dos amores passados.
Quero guardar os acordes singelos da última valsa que dancei, porque agora sei que foi mais uma dança, e meu coração está leve, leve.
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Pergunto ao moço que ronda meus dias:
"Dançarias comigo uma valsa?
Viverias comigo um amor?"
Um comentário:
Uma valsa infelizmente eu não sei dançar... nem sou quem ronda seus dias... mas uma salsa... ou qualquer coisa latina em Madrí... pra começar uma amizade.
Beijos...
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