segunda-feira, maio 08, 2006

Albergue espanhol


Quero dedicar uma linhas a esse filme tão especial. Uma obra intensa que me traz uma Barcelona especial, mágica e cheia de nostalgia. O filme não trouxe só a Barça. Trouxe Madrid, com seus dias guadalupianos, que só agora vejo como foram especiais. E lembro da Ucy Soto me dizendo que a geografia tem que ser humana e afetiva, que viajar tem que ter essa geografia. Tantos aprendizados belos na Madrid do Guadalupe e do carrancudo Sánchez Lobato!!
Albergue espanhol traz a jovialidade das experiências no lar estrangeiro, não importa que idade tenha a pessoa: ser estrangeiro nos apresenta outros nós que não conhecíamos na terra natal, e quando voltamos para casa, falta-nos o lugar onde estivemos, já não somos mais os mesmos. Cédric Kaplisch (o diretor) está de parabéns pelo belo roteiro, pela proposta divertida, pela seleção de elenco, pela fotografia tão bonita de uma Barcelona que eu trouxe nos meus pés e no meu coração de estrangeira...
A poesia está presente em cada fragmento do filme. É uma poesia com toques de humor e de introspecção. Questões como identidade cultural, a dificuldade de comunicação entre os seres humanos, o universo cosmopolita que há na cidade, a solidariedade, o respeito pelas diferenças, a tolerância, a descoberta das amizades e do amor (seja ele correspondido, ou não) tudo isso é discutido nos 115 minutos de Albergue.
Pertenço a todos os lugares onde já pisei o solo e bebi a água. Trago em mim os pôres-de-sol e o vento no rosto, as pedras escondidas nos sapatos e a poeira na roupa. Há coisas das quais não quero jamais me desfazer, e nem poderia, porque elas me impregnaram a alma. Javier sou eu. Todos eles sou eu. E essa consciência me diz que pertenço a muita gente.

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