quinta-feira, julho 24, 2008

Pois então...

Fonte da imagem: tempsreel.nouvelobs.com/file/397749.jpg


Andei sumida, e já é julho. Sinto que fica um abismo em mim quando não escrevo por muito tempo. E isso é porque sou feita de palavras. Sim, a minha matéria são palavras como átomos, eu tenho DNA verbal e minhas células são sílabas de muitas cores e formas. E pensar que fico, às vezes, tanto tempo em silêncio... Hoje eu vim refletir um pouco. A Poesia tem voltado, timidamente, a mim. Ela fica me espiando por detrás de umas colunas (que não são gregas!) e quando eu me volto, ela se esconde. Mas, em breve, eu acho que consigo capturá-la outra vez. Uns versos me vêm quando estou em atitude contemplativa, olhando o nada que alimenta filósofos e sensíveis. E a mim. Esse nada pode embotar as coisas, ou torná-las visíveis e belas...

Hoje, eu quero falar de algo que li no jornal mexicano La Jornada. Trata-se de uma carta
escrita por intelectuais e escritores de vários países do continente americano, e dirigida aos governantes e parlamentos da Europa em resposta à lei contra imigrantes. Achei bacana, e gostaria de transcrever o artigo na íntegra. Quem preferir, pode acessar a máteria no site do jornal e lê-la por lá. Fica uma reflexão, para mim: quando, há alguns meses, escrevi sobre a expulsão de alguns brasileiros no Aeroporto de Barajas, em Madri, e me indignou a forma como foram tratados os meus compatriotas, eu temia um movimento xenofóbico em cadeia que -vejo - se estava gestando. Há muitas discussões que podemos fazer sobre a crise econômica na comunidade européia, bem como a saturação dos mercados de trabalho por lá. O que não podemos aceitar é que dêem aos de fora daquela comunidade o tratamento que se prevê com a nova lei. Transcrevo, abaixo, o artigo do periódico mexicano:

jueves 24 de julio de 2008 Política Intelectuales, activistas y políticos protestan por la “cacería de migrantes” en Europa

■ Quienes promovieron la nueva ley en la materia desconocen su deuda con las Américas y África

Intelectuales, activistas y políticos protestan por la “cacería de migrantes” en Europa

Hermann Bellinghausen

En una carta dirigida a los gobiernos y los parlamentos de Europa, un grupo de destacados intelectuales, activistas y políticos del continente americano, reivindicando su origen europeo, manifestaron su rechazo a las nuevas leyes de aquel continente contra los migrantes. Quienes promovieron esta legislación padecen una “amnesia nada inocente” y desconocen la deuda que los países del llamado Viejo Mundo tienen con las Américas y África.

Escrito en castellano, portugués, francés, italiano, inglés y alemán, firman el manifiesto, entre otros, Eduardo Galeano, Noam Chomsky, Pablo González Casanova, el presidente electo de Paraguay, Fernando Lugo, el subcomandante insurgente Marcos, Osvaldo Bayer, Augusto Boal, Aleida Guevara, Ernesto Cardenal, Mirko Lauer, Gioconda Belli y Sergio Ramírez. Este es el texto íntegro:

“Señores gobernantes y parlamentos de Europa: algunos de nuestros antepasados, pocos, muchos o todos, vinieron de Europa. El mundo entero recibió con generosidad a los trabajadores de la Europa migrante. Ahora, una nueva ley europea, dictada por la naciente crisis económica, castiga como crimen la libre circulación de las personas, que es un derecho consagrado por la legislación internacional desde hace ya unos cuantos años.

“Esto nada tiene de raro, porque desde siempre los trabajadores extranjeros son los chivos expiatorios de las crisis de un sistema que los usa mientras los necesita y luego los arroja al tarro de la basura. Nada tiene de raro, pero mucho tiene de infame.

“La amnesia, nada inocente, impide que Europa recuerde que no sería Europa sin la mano de obra barata venida de afuera y sin los servicios que el mundo entero le ha prestado; Europa no sería Europa sin la matanza de los indígenas de las Américas y sin la esclavitud de los hijos del África, por poner sólo un par de ejemplos de esos olvidos.

“Europa debería pedir perdón al mundo, o por lo menos darle las gracias, en lugar de consagrar por ley la cacería y el castigo de los trabajadores que a su suelo llegan corridos por el hambre y las guerras que los amos del mundo les regalan”.

Firman: Adolfo Pérez Esquivel, Atilio Boron, Hebe Bonafini, Osvaldo Bayer, Martha Pelloni, Diana Maffía, Rally Barrionuevo y Claudia Korol (Argentina). Eduardo Paz y Humberto Claure Quezada (Bolivia). Augusto Boal, Afranio Mendes Catani, Candido Grzyboswki, Chico Withaker, Emilia Vioti da Costa, Elias de Sá Lima, Gaudêncio Frigotto, Heloisa Fernandes, Jean Pierre Leroy, Jean Marc Von der Weid, Joao Pedro Stedile, Mario Maestri, Pedro Casaldaliga, Renée France de Carvalho, Rita Laura Segato, Vânia Bambirra y Vito Gianotti (Brasil).

Naomi Klein, Pat Mooney y Michael A. Lebowitz (Canadá). Cosme Caracciolo, Luis Conejeros, Marco Enríquez-Ominami, Manuel Cabieses, Marta Harnecker, Manuel Holzapfel, Ernesto Carmona, Paul Walder, Pedro Lemebel, Flora Martínez, Alberto Espinoza y Tomas Hirsch (Chile).

Aleida Guevarra y Joel Suárez Rodes (Cuba). Alberto Acosta, Carolina Portaluppi, Juan Meriguet Martínez, Pavel Égüez, Hanne Holst, Luigi Stornaiolo, Osvaldo León y Verónica León-Burch (Ecuador). Saúl Landau, Norman Solomon, Susanna Hecht, Richard Levins, Noam Chomsky, Peter Rosset, Fernando Coronil, Mario Montalbetti y John Vandermeer (Estados Unidos).

Jean Casimir, Camille Chammers (Haití). subcomandante insurgente Marcos, Ana Esther Ceceña, Felipe Íñiguez Pérez, María de Jesús González Galaviz, Pablo González Casanova, Luis Hernández Navarro, Beatriz Aurora, Víctor Quintana, Raquel Sosa, Rodolfo Stavenhagen y Silvia Ribeiro (México).

Carlos Mejía Godoy, Ernesto Cardenal, Gioconda Belli, Luis Enrique Mejía Godoy, Mónica Baltodano, Dora María Téllez y Sergio Ramírez Mercado (Nicaragua). Fernando Lugo, Marcial Gilberto Congon y Ricardo Canesse (Paraguay). Aníbal Quijano, Carmen Pimentel, Carmen Lora, Mirko Lauer y Rolando Ames (Perú). Eduardo Galeano y Antonio Elías (Uruguay). Maximilien Arvelaiz (Venezuela).

Aproveito, também, para sugerir os links de algumas leituras que circularam na imprensa de boa qualidade sobre o tema nos dois últimos meses:

"Itália e Espanha caçam os 'sem-papéis'."

"Itália: Berlusconi criminaliza imigração ilegal no país"

"Partido espanhol compara lei de imigração da UE ao nazismo"

"Milhares de ciganos protestam em Roma contra xenofobia"

"Brasil de Fato: xenofobia avança na Ásia, Europa e África"

"Milhares protestam em Paris contra nova lei de imigração da UE"

"Evo Morales: A vergonha da política migratória européia"

"Pobreza aumenta na União Européia"

"A União Européia e o 'delito de imigração'"

"Franceses sairão às ruas contra lei anti-imigrantes"

"Brasil endurece discurso contra a xenofobia na Europa"

"Emir Sader: imigrantes e a reação à 'Diretiva da Vergonha'"

"Organizações denunciam caráter neoliberal de Tratado europeu"

"França apresenta 'Pacto de Imigração' à União Européia"

"Berlusconi promove 'caça' a ciganos em toda a Itália"

"Itália: Berlusconi criminaliza imigração ilegal no país"

"Itália: juristas receiam ditadura sob Berlusconi"

Boa leitura a todos e até o próximo dedim de prosa! Bisou. :)

Nenhum comentário: